
A falta de dinheiro que complica a administração pública do Paraná atrasa as obras de recuperação do Cine Teatro Ouro Verde, em Londrina, destruído por um incêndio há três anos.
Por causa de uma dívida de cerca de R$ 3 milhões que o executivo estadual mantém com a Regional Planejamento e Construções Civis, empresa que realiza os trabalhos de recuperação, o espaço não será mais inaugurado em julho, como o previsto.
O novo prazo, estabelecido pelo próprio governo, é o mês de dezembro – caso a dívida seja paga em breve e não haja mais nenhum contratempo que reflita no andamento dos trabalhos.
Segundo a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), o valor devido à empresa que venceu o processo de licitação para conduzir a reforma do Cine Teatro é referente ao acúmulo de notas de pagamento pendentes desde novembro.
Duas delas – no valor de R$ 482 mil e R$ 303 mil – já tiveram o pagamento autorizado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) e devem ser quitadas em breve, de acordo com a Seti. As demais, que somam cerca de R$ 2 milhões, ainda não tiveram o pagamento liberado. Também não há prazo para que isso ocorra.
Até que todas as pendências sejam extintas, as obras do espaço continuam em ritmo lento. O atraso na remuneração prometida fez com que Regional Planejamentos diminuísse de 76 para 16 o número de funcionários que trabalham na recuperação do espaço. “Se continuar com esse pessoal, nem no fim do ano fica pronto”, alertou o engenheiro responsável pelas obras, José Pedro da Rocha Neto.
Segundo ele, até agora, a empresa não foi informada pelo governo sobre as previsões de quitação da dívida.
A reestruturação do Cine Teatro Ouro Verde está prestes a passar por uma fase de investimentos altos – cerca de R$ 9 milhões dos R$ 12 milhões liberados para a obra ainda precisam ser aplicados na concepção do espaço interno do local.
Entram neste cálculo obras como colocação de forros e paredes acústicas, poltronas, adaptações para equipamentos de ar-condicionado e elaboração de salas de videotecnia e cenotecnia.
No entanto, sem uma sinalização do executivo estadual que confirme o recebimento dos valores a serem investidos, a empresa resiste em dar os próximos passos.
“A empresa chegou nessa fase de investimento maior, mas não tem a contrapartida de que vai receber os valores. É por segurança que diminuíram o ritmo dos trabalhos e, com isso, fica difícil programar como vai ficar tudo daqui para frente”, relata o diretor de projetos, obras e manutenção do campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Rafael Fujita. “Precisamos refazer o cronograma, mas a empresa precisa receber antes”, afirma.
Ao contrário do que afirmou a Seti, a Secretaria de Estado da Fazenda disse que não analisa os custeios particulares das obras nas universidades.
Os valores desse tipo de despesa, de acordo com o órgão, são incluídos no orçamento anual repassado para as instituições de ensino. Neste ano, a primeira parte desse repasse será feita no mês que vem. No entanto, isso não dá garantia da retomada dos investimentos na reforma.



