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Dançante do início ao fim. Esta talvez seja a definição mais precisa do mais recente álbum de Madonna, o recém-lançado Confessions on a DanceFloor, 12.º título de sua discografia (descontando as trilhas sonoras dos filmes Quem É Essa Garota?, Dick Tracy e Evita). Após o relativo fracasso do "politizado" American Life (2003) – para os parâmetros da cantora, vender 2 milhões de cópias e não emplacar nenhum hit na parada dos dez mais da Billboard pode, sim, ser sinônimo de fracasso – e do pseudo-experimental Music (2000), que apostava na mistura excessiva de tendências e referências sem nenhuma unidade, a agora mãe de família britânica finalmente acertou em cheio, lançando seu álbum mais coeso desde Ray of Light (1998).

Com a ambição de ser uma homenagem à dance music de todos os tempos, Confessions on a DanceFloor é capaz de bombar qualquer pista de dança, já que suas referências vêm calcadas em ícones do gênero, da disco dos anos 70 ao electro de até pouco tempo atrás. A combinação competente de elementos de diferentes épocas pode ser comprovada logo na faixa de abertura do disco, "Hung Up", que também é o single de lançamento do álbum. Martelando o riff de teclado de "Gimme, Gimme, Gimme", do quarteto sueco Abba, em toda a sua extensão, sob uma base eletrônica que culmina em momentos de explosão, a canção é a cara de Stuart Price, produtor inglês (do ótimo Les Rythmes Digitales), responsável por grande parte do disco.

O toque retrô – além de inspirar o novo visual de Madonna, que agora veste-se com collants de lycra púrpura, minijaquetas e cabelo modelado à la Farrah Fawcett – dá o tom dos samples utilizados em canções como "Future Lovers" (com resquícios de "I Feel Love", de Donna Summer), "Sorry" (que cita "Can You Feel It", dos Jacksons) e "Get Together" (Stardust).

Bem costurado, no estilo DJ-mix, Confessions... segue muito bem até a quarta faixa. A partir da eletrorock "I Love New York", é preciso abstrair para não se irritar com a transição entre letras frívolas, típicas do pop, às já tradicionais preocupações políticas e espirituais da cantora. Sob o riff da roqueira "I Wanna Be Your Dog", do The Stooges, Madonna dispara pérolas como "Eu não gosto de cidades/mas amo Nova Iorque/Outros lugares fazem com que eu me sinta uma idiota", na faixa-tributo à cidade onde começou sua carreira – mas que hoje foi substituída pela capital inglesa.

Ainda assim, não faltam bons momentos ao CD, como a climática "Jump" e até a cabalística "Isaac" – algo próximo a "Frozen", com citações aos ensinamentos de seu professor de cabala Isaac Freidin. Independentemente das inúmeras citações sobre o alto preço da fama, as canções de Confessions... empolgam, instigam a vontade de sair dançando e devem agradar a dancing queens dos mais variados gêneros. GGGG

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