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Líder do Nirvana, maior nome do grunge, ganha cinebiografia elegante de mais de duas horas | Joe Giron/Corbis/Divulgação
Líder do Nirvana, maior nome do grunge, ganha cinebiografia elegante de mais de duas horas| Foto: Joe Giron/Corbis/Divulgação

Mais de 20 anos depois de sua morte em 1994, Kurt Cobain continua a assombrar o imaginário dos fãs do Nirvana. Um documentário no Festival de Berlim – que acaba neste domingo – retraça a trajetória do cantor e compositor, vocalista e guitarrista da banda desde os verdes anos em Aberdeen, Washington, até o gran finale. Kurt Cobain – Montage of Heck tira seu título de uma demo com canções preferidas que Cobain gravou de qualquer maneira, sem nenhum apuro técnico, em 1988. O documentário de Brett Morgen começou a nascer quando ele encontrou Courtney Love e a polêmica ex-mulher do artista lhe fez uma proposta irrecusável. Ela propôs abrir para Morgen os arquivos familiares sobre Cobain, franqueando anotações, objetos pessoais, songbooks e até esboços de pinturas e esculturas que ele fez da filha, Frances Dean Cobain. Em troca, Courtney não fez nenhuma exigência. Não quis impor o foco nem pediu para supervisionar a montagem.

Parece tão inusitado que chega a ser surreal, mas Morgen tinha currículo para ser procurado por Courtney. Seus documentários sobre o lendário produtor Robert Evans (The Kid Stays in the Picture) e os Rolling Stones (Crossfire Hurricane) lhe valeram prêmios e reconhecimento. Morgen nunca foi acusado de fazer sensacionalismo e, pelo contrário, os críticos sempre elogiaram seus retratos intensos e intimistas sobre figuras fortemente midiatizadas, mas das quais ele consegue mostrar novidades (segredos?). Mesmo assim, ter acesso a 200 horas de músicas e mais de 4 mil páginas de texto piraram o diretor, que dedicou muito tempo à compilação e seleção do material (mais de um ano). Sua única concessão foi aceitar a filha de Cobain, Frances Dean, como produtora-executiva.

O resultado é um filme de mais de duas horas (132 minutos), que flui com elegância, se é que se pode usar a palavra para o criador de um subgênero de rock alternativo com base em Seattle e que foi chamado de grunge. Morgen apresenta material inédito sobre a infância de Kurt, fotos e filmes domésticos nunca vistos antes. Lembra momentos decisivos – o single "Smells Like Teen Spirit", do álbum Nervermind, que marcou o início do mito. Não omite nada– inseguranças, drogas, depressão. Montage of Heck concorre com Jia Zhangke, de Walter Salles, ao prêmio de público (e da crítica) na seção Panorama Dokumente.

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