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Se a idéia é contar a velha piada sobre um hóspede indesejável que se nega a ir embora, é bom ter todos os elementos cômicos e dramáticos à disposição. Não é o que acontece com a comédia "Dois é bom, três é demais".

Falta graça ao filme e o lado dramático também não chega a convencer. Mas os diretores Anthony e Joe Russo acertam em uma coisa: no elenco de primeira.

Nos papéis dos recém-casados estão Kate Hudson e Matt Dillon. O ator convence na metamorfose de sujeito simpático para alguém profundamente irritado e irritante. Owen Wilson, no papel do hóspede indesejável, está ótimo, e Michael Douglas repete truques antigos no papel do sogro astuto que persegue seus próprios objetivos. Entretanto, existe algo que soa falso na "situação" desta comédia de situações.

Molly (Hudson) e Carl (Dillon) voltam de sua lua-de-mel no Havaí e descobrem que Dupree (Wilson), o padrinho de casamento de Carl e seu melhor amigo desde o jardim da infância, está falido e sem lugar para morar. Naturalmente, Carl o convida para ficar em sua casa "por alguns dias" - sem consultar sua mulher -, e com isso já dá para se ter uma idéia de como será o resto do filme.

A intenção da história é mostrar as várias maneiras em que um homem de 30 e poucos anos, "que nunca foi realmente domesticado", é capaz de devastar uma relação aparentemente sólida e amorosa entre um novo casal.

Essas travessuras, que o espectador já viu no cinema muitas vezes antes, não são nem um pouco interessantes. O roteiro se esforça ao máximo para inventar coisas improváveis que Dupree comete a todo momento. Mas o filme tem uma direção indiferente, e a história é obrigada a confiar sobretudo na habilidade dos atores.

Owen Wilson consegue representar um trapalhão como ninguém, levando seu personagem a cometer uma palhaçada depois de outra. A relação entre Molly e Carl é mais interessante pelo que o filme deixa de fora do que por aquilo que mostra. Os dois parecem opostos totais, mas é verdade que os opostos se atraem, de modo que "Dois é bom" é repleto de possibilidades boas que são desperdiçadas.

O fato de que Carl, apesar de estar casado com a filha do dono da empresa, mal consegue passar pelo segurança mal-humorado da companhia todos os dias, revela muito sobre a relação entre sogro e genro.

Douglas, magnífico de cabelos brancos, é o Gordon Gekko de "Wall Street - Poder e cobiça" mais velho e mais brando, agora em veio cômico. Haveria mais possibilidades cômicas ótimas com ele, mas o filme as desperdiça, preferindo as gags envolvendo privadas entupidas e acidentes com skates.

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