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Curiosidades

• Ao ser lançado nos EUA, Lost Girls sofreu boicote de grupos moralistas. Alguns lojistas temeram comercializar a obra por medo de processo por pornografia infantil – mesmo com as personagens sendo retratadas em idade adulta.

• As histórias foram publicadas de forma independente a partir de 1991 por Alan Moore e Melinda Gibbie. O casal, que iniciou um relacionamento enquanto desenvolvia a obra, casou-se recentemente na Inglaterra.

• O material só ganhou editora oficial em 2003, sendo lançado apenas em 2006 nos EUA, em uma edição que reunia os três volumes do quadrinho. No Brasil, cada volume será lançado separadamente.

Imagine uma história que reúna três das mais conhecidas personagens da literatura infantil: Dorothy (de O Mágico de Oz), Wendy (de Peter Pan) e Alice (das obras de Lewis Carroll). Enfoque o trio em uma idade adulta. Acrescente várias e fortes pitadas de erotismo e prazer sexual. O resultado é uma polêmica de grandes proporções. Está sendo lançado no Brasil o primeiro volume da obra Lost Girls – Meninas Crescidas (Devir, 112 págs. R$ 65), obra em que o casal Alan Moore e Melinda Gibbe retrata de forma adulta as famosas personagens femininas que marcaram a infância de gerações.

Não é a primeira vez que Alan Moore – um dos mais importantes roteiristas de quadrinhos do mundo, criador dos clássicos Watchmen (considerada a melhor graphic novel de todos os tempos) e V de Vingança – se apropria de personagens tradicionais da literatura para criar uma nova história. Em A Liga Extraordinária – Vol. 1, ele reuniu em uma única equipe Allan Quatermain (As Minas do Rei Salomão), Capitão Nemo (20.000 Léguas Submarinas), dr. Jekyll e sr. Hyde (O Médico e o Monstro), dr. Griffin (Homem Invisível) e Mina Murray (Drácula) em uma trama que revisitava A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells. A polêmica viria no segundo volume dos quadrinhos, que trazia alguns dos personagens se relacionando sexualmente.

Na história elaborada por Moore, Dorothy, Wendy e Alice se encontram em luxuoso hotel da Suíça, em 1913. Lá, as amigas passam a trocar confidências amorosas, falando de vários temas, incluindo masturbação, transas e muito erotismo, tudo fartamente ilustrado pelas mãos de Melinda Gibbe, com quem o autor se casou recentemente. O trabalho foi dividido em três volumes, lançados juntos em uma edição especial nos EUA, no ano passado.Originalmente, Lost Girls foi publicada de forma independente a partir de 1991, em seis capítulos na revista americana Taboo – havia previsão de realizar dez capítulos, o que não foi concretizado.Posteriormente, o selo Tundra relançou a história em dois volumes separados alguns anos depois. O material só ganhou uma editora em 2003, quando o Moore e Gibbie fecharam contrato com a Top Shelf, que ainda demorou quase três anos para lançar o livro completo na Comic Con 2006 (convenção mundial de quadrinhos).Como era esperado, o conteúdo sexual de Lost Girls não agradou nenhum pouco os mais radicais e moralistas dos EUA, que fizeram campanhas de boicote à obra. Segundo relata o material de divulgação do livro, alguns lojistas se recusaram a comprar a edição temendo ações judiciais por pornografia infantil – mesmo com as personagens sendo retratados em idade adulta.No Reino Unido, os advogados do Great Ormond Street Hospital, detentor dos direitos das obras do escritor J. M. Barrie, autor de Peter Pan, exigiram que Moore pedisse permissão ao hospital para que publicasse seu trabalho em terras britânicas. A instituição só detém os direitos sobre as obras do criador de Wendy, não sobre seus personagens. Mas para evitar uma confusão maior, a Top Shelf fechou um acordo de publicar a obra no Reino Unido só em 2008.Polêmicas à parte, nos Estados Unidos, Lost Girls foi um sucesso de público (para o gênero) e esgotou rapidamente a primeira e a segunda tiragens de dez mil exemplares. Está atualmente na terceira tiragem, impressa com 20 mil cópias. E a boa acolhida não é só pelo caráter controverso do quadrinho, mas também pela grande qualidade do trabalho de Moore, que mais uma vez apresenta um roteiro inventivo e original. O britânico, reconhecido como autor de história de super-heróis e de ação, surpreende e revela um talento em uma área em que não havia feito nenhum trabalho, posicionando-se de cara ao lado de autores considerados mestres do erotismo em quadrinhos, como Manara e Crepax. O traço de Melinda Gibbie, próximo da pintura, também é um destaque à parte de Lost Girls.No Brasil, as três partes da obra serão lançadas separadamente – se não houver atrasos, o segundo volume deve chegar ao mercado em julho, e o terceiro em agosto. Para agradar os apreciadores e colecionadores da arte seqüencial, o primeiro volume da edição nacional é luxuoso e bem cuidado, com capa dura colorida, sobrecapa em couchê e miolo em papel especial de alta gramatura.ß Rudney Flores

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