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Espelho para Cegos, de Visniec, usa metáforas para falar de política | Marcio Lima/Divulgação
Espelho para Cegos, de Visniec, usa metáforas para falar de política| Foto: Marcio Lima/Divulgação

Programe-se

2 x Matei

Guairinha (R. XV de Novembro, 971, Centro), (41) 3304-7982. Dias 26 e 27 de março.

Espelho para Cegos

Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1.299, Centro), (41) 3360-5066. Dias 26 e 27 de março.

Tumba de Cães

Guairinha (R. XV de Novembro, 971, Centro), (41) 3304-7982. Dias 28 e 29 de março.

23º Festival de Teatro de Curitiba. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Mostra paralela/Fringe: de entrada franca até R$ 60. Consulte a programação da mostra oficial em www.gazetadopovo.com.br/cadernog. Ingressos à venda nos shoppings Mueller, ParkShopping Barigüi e Palladium e pelo site www.festivaldecuritiba.com.br.

Entrevistas

Confira as entrevistas com a dramaturga italiana Letizia Russo e o dramaturgo romeno Matéi Visniec.

  • Tumba de Cães, de Letizia, aborda os conflitos de uma família em meio à guerra

Quatro peças de origem europeia revelam neste Festival de Teatro facetas complementares da escrita do velho mundo. De um lado, o romeno Matéi Visniec, de 58 anos, nutriu sua poesia no autoritarismo do Leste Europeu, e hoje lida com sutilezas da manipulação ideológica em bastiões da liberdade, como a França, onde mora desde os anos 1980. De outro, a italiana Letizia Russo, nascida nos anos 80, representa uma juventude que poderia folgar com a democracia – mesmo com todos os seus defeitos –, mas prefere expressar as inquietações da alma.

"Me considero autor de um teatro engajado, que não faz parte da indústria do divertimento e busca acordar as consciências dormentes", definiu Visniec quando esteve no Brasil, no ano passado. Para despertar mentes, ele procura alegorias que denunciem o atual esvaziamento de conteúdo, como em Espelho para Cegos, que tem sessões na quarta e na quinta-feira. Tal qual na ditadura brasileira, em que espetáculos como O Rei da Vela driblaram a censura com o uso de ironia fina, aqui ele recorre a metáforas como borboletas carnívoras e caracóis pestilentos para tratar da sociedade de consumo.

Também na quarta e na quinta-feira, o diretor Gilberto Gawronski apresenta no Guairinha 2 x Matei, referência à junção de duas peças curtas do autor romeno. O Último Godot foi escrita por ele pouco antes de deixar seu país como uma homenagem a Samuel Beckett. Como no célebre Esperando Godot, há um personagem que nunca aparece. "O importante é que o teatro nessa peça renasce na rua. Eu acredito na força do teatro, porque é uma maneira de convidar o público a uma reflexão coletiva, com frequência pelo compartilhamento de uma emoção", escreveu Visniec à Gazeta do Povo, por e-mail.

A segunda metade de 2 x Matei traz O Rei, o Rato e o Bufão do Rei, que o autor considera uma fábula filosófica. Nela, a população de uma cidade tranca o rei num calabouço, mas o lixo acumulado atrai ratos que obrigam todos a se lançar ao mar. "Na Idade Média, os reis tinham bufões que encarnavam o contrapoder. Só eles tinham direito de dizer certas verdades e até debochar do rei e contradizê-lo. Mas a história evoluiu mal, porque aos poucos os bufões é que tomaram o poder...", diz o dramaturgo.

Relacionamentos

Já para Letizia, as relações de poder que mais importam são aquelas transcorridas em meio aos relacionamentos, como em seu Tumba de Cães, que o curitibano Marino Jr. apresenta na mostra principal deste ano na sexta-feira e no sábado. Na peça, uma família enfrenta seus conflitos internos enquanto espera uma guerra acabar lá fora.

"Minhas perguntas principais nessa peça tiveram a ver com os mecanismos que determinam alguns comportamentos: não conseguir agir, transformar o rancor em adoração e a adoração em ódio, fazer experiência de partes obscuras de si próprio e ter de lidar com um mundo cotidiano que deixou de existir", contou à reportagem. "O público irá identificar na montagem a dramaturgia italiana de hoje. É um apanhado do teatro europeu", promete o diretor Marino Jr.

Letizia, que morou em Portugal, estará em Curitiba de 27 de março a 1.º de abril para uma oficina ligada ao Núcleo de Dramaturgia do Sesi. Leia abaixo trechos das entrevistas concedidas pelos autores à Gazeta do Povo, por e-mail.

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