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nOs dois últimos anos, as vitórias de Menina de Ouro e Crash – No Limite marcaram uma mudança de rota na premiação do Oscar, que privilegiou em suas indicações e premiações principais os filmes considerados independentes nos EUA. Distribuídos por grandes companhias, mas feitos com orçamentos considerados muito baixos para os padrões hollywoodianos – não ultrapassando o teto de US$ 30 milhões –, esses longas deixaram para trás caras superproduções, muitas delas feitas especialmente para conquistar os eleitores da Academia – aquelas que clamam por uma estatueta a cada centímetro de película.

Em 2006, contrapondo-se aos "menores" Capote, Boa Noite e Boa Sorte, O Segredo de Brokeback Mountain e o já citado Crash, um dos principais representantes do chamado cinemão na maior premiação do cinema foi Memórias de uma Gueixa, que chegou esta semana às locadoras. O filme dirigido por Rob Marshall (do premiado musical Chicago) concorreu em seis categorias, vencendo três delas: fotografia, direção de arte e figurino. Foram Oscars merecidos pela excelência técnica da produção, mas como história, o dramalhão construído pelo roteirista Robin Swicord (baseado na obra homônima do escritor Arthur Golden) deixa muito a desejar.

A interminável trama (145 minutos de duração) de época, ambientada no Japão pré-Segunda Guerra Mundial, conta a lacrimosa vida de Chyo (Zhang Ziyi, de O Tigre e o Dragão), camponesa de olhos (lentes) azuis que é enviada ainda criança para Tóquio para aprender a arte secular das gueixas. Ela come o pão que o diabo amassou en-frentando os rígidos treinamentos para a profissão, a inveja insana de uma concorrente – vivida pela bela Gong Li, que oferece ao espectador os raros bons momentos do filme – e uma paixão proibida por um homem mais velho.

A produção de Memórias de uma Gueixa se envolveu em algumas polêmicas. A principal foi a escalação de atrizes chinesas para viver os papéis centrais – além de Ziyi e Li, Michelle Yeoh (também de O Tigre e o Dragão) –, desagradando tanto japoneses, que não concordaram em ver estrangeiras interpretando uma de suas maiores tradições, quanto chineses, que se mostraram indignados por sua conterrâneas viverem "prostitutas de luxo", como alguns definem pejorativamente as gueixas.

Para completar, o filme é toda falado em inglês – mesmo com boa parte no elenco tendo dificuldades com a língua –, tirando qualquer possibilidade de originalidade na história. Boa pedida para quem curte um novelão mexicano made in USA. GG

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