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“Mas o recurso [do Super 8] está à disposição para ser usado de acordo com a criatividade do realizador.” - Leandro Bossy, coordenador do Festival Curta 8, sobre o uso do formato Super 8 num momento de tecnologias digitais baratas | Fotos: Divulgação
“Mas o recurso [do Super 8] está à disposição para ser usado de acordo com a criatividade do realizador.” - Leandro Bossy, coordenador do Festival Curta 8, sobre o uso do formato Super 8 num momento de tecnologias digitais baratas| Foto: Fotos: Divulgação

Programação

Confira, dia a dia, o que vai acontecer no Curta 8, que se inicia hoje no Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro):

Hoje

19h - Sessão de abertura do festival: Cinema Transcendental – exibição de filmes em Super 8 em película, seguida de debate com Fernando Severo, Peter Lorenzo e Rui Vezzaro – o trio criador do Grupo Experimental de Cinema Primeiro Plano.

21h - Sessão competitiva.

Amanhã (30/09)

14h - Debate com os realizadores dos filmes em competição exibidos na noite anterior. Mediação: Ilana Feldman.

19h - O Cinema Super 8 de Pernambuco: exibição de filmes seguida de debate com o curador, Alexandre Figueirôa

21h - Sessão competitiva.

Sábado (1/10)

14h - Debate com os realizadores dos filmes em competição exibidos na noite anterior. Mediação: Ilana Feldman.

17h - Pré-estreia mundial do filme A Odisseia, da belga Isabelle Wuilmart.

19h - Cinema e Encantamento: os curtas de Isabelle Wuilmart, seguidos de debate com a diretora. Lola de Valence, um dos filmes, será sonorizado ao vivo pela realizadora em conjunto com músicos.

21h - Sessão competitiva.

Domingo (2/10)

14h - Debate com os realizadores dos filmes em competição exibidos na noite anterior. Mediação: Ilana Feldman.

15h - O Dia do Filme Caseiro (Home Movie Day): realizado pela segunda vez em Curitiba, abre a oportunidade para que indivíduos e famílias dividam com o público do festival seus próprios filmes caseiros.

19h - O Cinema de Leonardo Crescenti e Carlos Porto: exibição em formato digital de quatro filmes da dupla seguidos de debate com Leonardo Crescenti.

21h - Premiação.

A entrada é franca. Os ingressos para as sessões das 19h e 21h serão distribuídos às 18h. Para as demais sessões, a distribuição de ingressos ocorrerá com uma hora de antecedência.

  • A cineasta belga Isabelle Wuilmart: pré-estreia no festival
  • Cena de Iaia et Leni, vencedor do Curta 8 em 2010

Em tempos nos quais o adjetivo digital parece estar associado a quase tudo, falar em cinema Super 8 pode soar até certo ponto anacrônico. A bitola, criada pela Kodak em 1965 e muito popular até o início dos anos 80, foi muito usada tanto por quem começava a dar os primeiros passos como realizador quanto para amadores, sem maiores ambições artísticas, mas que pretendiam captar para a posteridade – e em movimento – imagens do cotidiano familiar, do círculo mais próximo de amigos, além de momentos memoráveis da vida escolar e no trabalho.

Nesta segunda década do século 21, ao contrário do que muitos possam imaginar, o Super 8 não está morto e enterrado. Nem virou algo relegado a museus. Pelo contrário: seus sinais vitais dão conta de uma sobrevida inesperada e para lá de saudável, levando-se em consideração ser possível hoje fazer filmes digitais até mesmo com telefones celulares. Prova dessa vitalidade redescoberta é o Festival Curta 8, que se inicia hoje e se estende até o domingo no Teatro da Caixa.

Único do gênero na América Latina, o Curta 8, projeto contemplado pelo edital de fomento Caixa Cultura, vai apresentar, ao longo dos quatro dias de programação, sempre com entrada franca, uma mostra competitiva e outras paralelas, com mais de 60 filmes realizados na Argentina, Bélgica, Brasil, Colômbia, Espanha, França, Holanda e Portugal.

Criado em 2005, dentro do Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba, que naquele ano teria sua derradeira edição, o Curta 8 (que em suas primeira edições ainda não tinha esse nome) se consolidou aos poucos, sobretudo por conta da obstinação de seu idealizador, o físico, cineasta e produtor cultural Leandro Bossy, 28 anos, um apaixonado por esse formato cinematográfico. Seu interesse foi desencadeado na medida em que se deu conta da riqueza da história da produção nessa bitola, que teve um capítulo importante em Curitiba, pelas mãos da chamada Geração Cinemateca, da qual fazem parte diretores como José Augusto Iwersen, Fernando Severo, os irmãos Ingrid, Rosane, Elizabeth e Helmuth Wagner (referências na produção de animações), entre outros.

Em 2008, já com o apoio da Caixa, Bossy estendeu sua rede de colaboradores – dentre os quais os realizadores curitibanos Rafael Urban e Terence Keller e o entusiasta e pesquisador do Super 8 Lucas Vega (Festival de Cinema Super-8 de Campinas) – ao exterior, tornando possível que o festival se tornasse o que é hoje: uma referência internacional na "bitola estreita".

Indagado sobre qual seria o atrativo do Super 8 hoje, em um mundo com tantas alternativas tecnológicas disponíveis, Bossy disse à reportagem da Gazeta do Povo que existe um amplo uso da bitola, por artistas visuais e cineastas, como proposta estética de baixo custo e possibilidades visuais bem interessantes. "Mas o recurso está à disposição para ser usado de acordo com a criatividade do realizador."

Na programação do Curta 8, serão exibidos filmes em dois formatos: película, com o uso de projetor de Super 8, e digital (DVD). Dentre os títulos que serão projetados, estão vários realizados em "tomada-única", a maioria produzida a partir da Oficina de Super 8 em que cada diretor recebeu um cartucho de película para filmar um roteiro próprio, editando o material diretamente no gatilho da câmera. O processo de revelação é feito pela organização do festival, o que significa que os realizadores vão assistir a seus filmes pela primeira vez junto com o público.

Os trabalhos incritos na mostra competitiva serão julgados nas categorias de direção, atuação, sonorização, fotografia, direção de arte e montagem. A categoria de melhor filme é subdividida: serão premiados, separadamente, os títulos finalizados em digital, em tomada-única, o favorito do júri popular, o estrangeiro e o brasileiro. Também haverá um prêmio surpresa.

O júri é formado por Cristian Borges, doutor em Cinema e professor da ECA-USP; Michael Wahrmann, diretor do curta Avós, que estreou no Curta 8 em 2009 e, em seguida, foi exibido no Festival de Berlim; e William Hinestrosa, coordenador dos programas brasileiros do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo (Kinoforum).

Paralelas

As mostras paralelas começam hoje e vão exibir, pela primeira vez em 32 anos, na abertura do festival, o conjunto de filmes em Super 8, Hu, Vitrines, Escura Maravilha e Aluminosa Espera do Apocalipse, realizados pelo Grupo Experimental de Cinema Primeiro Plano, formado, à época, pelo trio Fernando Severo, Peter Lorenzo e Rui Vezzaro. A sessão foi apresentada, originalmente, na Cinemateca do Museu Guido Viaro, em 1979.

Amanhã será a vez da mostra O Super 8 em Pernambuco. Serão apresentados dez filmes do estado nordestino realizados de 1974 a 1982 por diretores como o hoje artista plástico Paulo Bruscky e Geneton Moraes Neto, da Rede Globo.

No sábado, a cineasta belga Isabelle Wuilmart fará a estreia mundial de seu longa-metragem A Odisseia, um work-in-progress. A diretora também vai apresentar uma retrospectiva de seus curtas. Um dos filmes, Lola de Valence, será sonorizado ao vivo, com a participação dos músicos Carla Zago (violino); Davi Sartori (teclado) e Edith de Camargo (voz).

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