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Baile de Fandango acontece no domingo | Arquivo Gazeta do Povo
Baile de Fandango acontece no domingo| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

A TV Paraná Educativa exibe atualmente cerca de 24 programas, que intercala com a programação da TV Cultura (São Paulo). Muitos deles são produzidos por produtoras independentes e parcerias com outras emissoras como a TVE (Bahia) e a TV Paulo Freire, da Secretaria de Educação do Paraná. A programação é variada: há espaço para a cultura regional, esporte, música sertaneja, questões sociais e até mesmo para a divulgação de ações do setor evangélico e do governador do estado. Mas, que tipo de programação a TV pública deve, ou não, exibir?

"Dar uma oportunidade para a população ter uma programação de qualidade e conteúdo. Não ser apenas um espaço de repetição dos gêneros da TV comercial, mas um espaço de cultura, lazer e arte, visando à questão cultural. Enfim, ser pública". Para Alessandro Foggiato, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e diretor de núcleo de produção da TV Paulo Freire, essa é a missão da televisão estatal.

Ele vê a Paraná Educativa como um dos poucos espaços do estado que estão concretizando a produção local. Cita o programa semanal Origens como uma boa referência, mas prefere não avaliar a programação da TV por considerar a questão muito subjetiva.

O programa direcionado a educadores que dirige na TV Paulo Freire, Nós da Educação, é retransmitido pela Paraná Educativa. Foggiato explica que a emissora abre um espaço para pessoas interessadas em ter o seu próprio programa. "Como você não paga, se ele tiver viabilidade e vir de encontro aos interesses educacionais, pode ir ao ar". É o caso de programas como Alô Chê, realizado por uma produtora independente do sudoeste do Paraná, que aborda temas de interesse da comunidade gaúcha do estado, e Caminhos do Oeste, feito pela Vision Art, de Foz do Iguaçu, que retrata as expressões culturais do Oeste do Paraná e o turismo na região.

A também professora da PUCPR Suyanne Tolentino de Souza acredita no viés regional da Paraná Educativa: "Querendo ou não, ela abre espaço para o que é da gente. Pela formatação dos programas, eles têm mais espaço para o local".

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Em uma avaliação geral, Eduardo Baggio, cineasta e professor de TV da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), acredita que, como uma emissora com uma proposta educacional e cultural, a Paraná Educativa não cumpre exatamente o papel que deveria.

A opinião do cineasta é compartilhada pelo leitor da Gazeta do Povo Oswaldo E. Aranha, que teve uma carta publicada no Painel do Leitor, no dia 21 de junho, em que considera a finalidade da Rádio e TV Educativa desvirtuada, "não só pelo seu uso como balcão político, mas, sobretudo, por achincalhar a programação com a inclusão de programas que de educativos e culturais nada têm, em detrimento dos programas culturais varridos da emissora".

O leitor faz menção à exibição ao vivo da Escola de Governo, reunião entre o governador do Paraná e seus secretários, às terça-feiras, a partir das 8h30 e sem horário para terminar. O programa é reprisado às 22h40 do mesmo dia. "Existe um uso excessivo da Educativa para a divulgação até mesmo pessoal do governador", diz Luiz Paulo Maia, professor do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutorando em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

Ele considera a programação da Paraná Educativa muito fraca comparada à oferecida pela TV Cultura, de São Paulo. Como alternativa, acredita que poderia ser adotado um modelo semelhante ao da TV paulista: "Eles também sofrem ingerência do estado, mas tem um conselho que minimiza essa interferência do governante".

João Somma Neto, professor de televisão da UFPR e doutor em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP), entende que a Paraná Educativa comporta-se como uma emissora estatal e, por isso, defende os interesses do estado. Ele diz acreditar que, para efetivar a função educativa e cultural, seria necessário optar por um outro formato de televisão: "O que falta efetivamente é uma TV pública que estivesse fora dos sistemas estatais e comerciais". Somma, que também é autor do livro Ações e Relações de Poder: A Construção da Reportagem Política no Telejornalismo Paranaense, completa: "Quem for que esteja no poder vai usar a TV estatal como um meio de defender seus interesses. Assim como faz o Requião, o Lerner também usou a televisão para divulgar a sua ideologia".

Para Maia, a qualidade atual da Paraná Educativa é reflexo de um processo histórico: "Mesmo nos governos anteriores, nunca foi utilizado o potencial do veículo. Não lembro de nenhum que investiu em uma programação de qualidade. Alguns mais, outros menos, mas todos a usaram para benefício pessoal". A reportagem do Caderno G tentou, desde quarta-feira (4), entrevistar o diretor da Paraná Educativa, Marcos Batista, e não obteve retorno até o fechamento desta edição.

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