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Em Caminho das Índias, Dira Paes é a fogosa Norminha, um dos destaques da trama | Divulgação/Rede Globo
Em Caminho das Índias, Dira Paes é a fogosa Norminha, um dos destaques da trama| Foto: Divulgação/Rede Globo

O inacreditável forró de refrão-chiclete ("Você não vale nada/ mas eu gosto de você") que embala as cenas de Norminha – fogosa dona de casa da Lapa que dá um "perdido" no marido nas madrugadas de Caminho das Índias – tem sido a deixa para Dira Paes brilhar no horário nobre. Musa do cinema nacional, com um punhado de títulos campeões de bilheteria e outros mais "alternativos", a atriz demorou a deslanchar na televisão. Mas repete agora o sucesso popular só experimentado por ela como a abilolada empregada doméstica Solineuza, do seriado A Diarista.

"De um tempo para cá os meus trabalhos na tevê tomaram outra dimensão, o eco tem sido maior. Mas eu quero ter cara de atriz que pode se transformar em qualquer personagem. Nunca entrei numa ansiedade de popularizar a figura da Dira", garante a paraense de 40 anos, que chega para a entrevista, num clube na Barra da Tijuca, perto de sua casa, acompanhada do filho Inácio, de 11 meses, da babá e de sua assessora de imprensa.

Com o cabelo solto e macacão tomara-que-caia larguinho, Dira passa longe do estilo embalado a vácuo de Norminha. O figurino da personagem das 21 horas, diz, é inspirado nas divas da década de 1950, "como Sophia Loren naquelas roupas que esculpem o corpo". "Norminha é uma dama da Lapa. Uma mulher que transborda. Depois de uma briga, falou: ‘Eu transbordei. Desci a ladeira de salto alto, mão na cintura e lata d’água na cabeça’", diverte-se Dira, que engravidou na época em que foi escalada para Beleza Pura, trama que marcaria sua volta às novelas depois de A Diarista.

"Acabei engatando uma comédia na outra. Mas Glória (Perez, autora de Caminho das Índias) já tinha me avisado que Norminha teria vida dupla e seria um gol." Um golaço.

Falsa moralista que dá um leitinho com canela para o marido apagar e poder cair na noite, Norminha foi inspirada na história real da mulher que traiu o marido, foi processada por ele e acabou condenada a pagar pensão ao ex. Na tevê, a personagem guarda mistérios. "Tudo dá a entender que ela é uma Bela da Tarde , diz, referindo-se ao filme de Luis Buñuel. "Mas o mistério pode ser algo além de aventuras sexuais. Quem garante que ela não dá o leitinho do marido (o guarda de trânsito Abel, personagem de Anderson Müller) e vai para o bingo? Ou faz parte da máfia?", especula.

O que está claro é que Norminha é uma mulher de autoestima elevada. Dira, que tem aval para improvisar em cena, sempre dá uma ajeitada no sutiã e criou para a personagem um outro tique: o beijinho no próprio ombro. "Ficava com inveja daquele monte de bijuterias das outras personagens, mas a camareira da novela disse: ‘Você já viu o tamanho da caixa de sutiã da Norminha? É uma coleção com bojos dos mais diversos tipos e volumes’", informa Dira, que tem dificuldade para esconder o microfone dentro da roupa nas gravações. "Uso um body cor da pele para ficar mais silhuetada e um sutiã bem apertado para dar aquele ‘tchum!’. Escondo o microfone dentro do corselete, num lugarzinho que sobra."

Assim como Solineuza, Norminha poderia ser apontada como caricata: uma era a burrinha de voz esganiçada, e a outra é a boazuda do horário nobre. Mas um papel desses nas mãos de uma atriz como Dira – que atuou pela última vez em novelas em Força de um Desejo, trama de Gilberto Braga de 1999 – ganha sutilezas. "As duas são personagens de fácil identificação. Mas atrás da gostosa e da burrinha existem nuances. Norma tem ego inflado, ela é uma ilha, uma pessoa a serviço do seu prazer", discorre Dira, garantindo que não se desentendeu com Cláudia Rodrigues, estrela de A Diarista nos bastidores. "Não dei espaço para que os rumores de brigas estragassem nossa convivência artística. Tenho admiração por ela, mas nunca fomos melhores amigas."

Dira, que rodou sete longas – de 2 filhos de Francisco a Baixio das Bestas – durante os três anos e meio em que atuou como Solineuza na tevê, aponta agora razões para o atual sucesso na trama de Glória Perez: "O público gosta de picardia. Norminha é um personagem que age e contagia. E é tão forte o poder da novela das oito que não existem coadjuvantes", acredita.

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