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Aos 31 anos, Aly Muritiba não pensa em sair de Curitiba: quer contar histórias com o sotaque da cidade | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Aos 31 anos, Aly Muritiba não pensa em sair de Curitiba: quer contar histórias com o sotaque da cidade| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Trajetória

Saiba mais sobre Aly Muritiba e sua produção cinematográgica

Formação

- Graduado em História – Universidade de São Paulo (USP)

- Pós-graduado em Comunicação e Cultura – Universidade Tecnológi­ca Federal do Paraná (UTFPR)

- Graduando em Cinema e Vídeo – Escola Superior Sul Americana de Cinema e TV do Paraná – Faculdade de Artes do Paraná (FAP)

Filmografia (direção e roteiro)

2011

- Circular – contemplado no Edital de Longa-metragem de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura de 2009 (roteiro e direção)

2010

- Reminiscências – curta-metragem contemplado na Lei de Incentivo do Mecenato Subsidiado de Curitiba de 2008.

• Prêmio de melhor direção de arte e prêmio ABD de Curta-metragens no Festival de Triunfo de 2010.

• Melhor curta no 5º Festival de Cascavel

• Seleção Oficial do AXN Film Festival.

2009

- A Revolta – documentário codirigdo com João Marcelo Gomes, contemplado pelo DocTV IV (2008)

2008

- Poemas Inúteis– documentário em curta-metragem

• Melhor documentário no 3.º Festival de Cascavel

- Com as Próprias Mãos – curta-metragem

• Melhor ficção no 16º Gramado Cine Vídeo

• Seleção Oficial do AXN Film Festival

• Hors-concour no 3.º Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino (Curitiba)

• Melhor ficção, direção, atriz, montagem e Troféu Caiçara de melhor filme do Festival Curta Cabo Frio (RJ)

• Melhor atriz e curta para reflexão no Festival de Triunfo (PE)

2007

- Convergências – curta de ficção

• Melhor montagem no 6.° Curta Santos (SP)

  • Muritiba no set de filmagem do longa-metragem Circular

A primeira lembrança que Aly Muritiba tem de um filme são os seios desnudos de Claudia Cardinale. Ao lado de sua casa, no pe­­queno município de Mairi, re­­gião central da Bahia, havia um terreno baldio onde, vez ou ou­­tra, circos, parques de diversão mambembes e cinemas itinerantes armavam tenda. "Eu tinha uns 8 anos e fui ver um bangue-ban­­gue antigo, daqueles spaghetti." Ele não se lembra mais do título, mas o impacto da exuberância da bela atriz italiana vista na tela, gigante aos olhos do garoto hinotizado, jamais lhe es­­capou da memória. Até porque só colocaria os pés pela primeira vez numa sala de exibição de verdade, com paredes de tijolos e teto firme sobre a cabeça, aos 17 anos, quando se mu­­dou para São Paulo, para estudar.

Hoje um promissor nome do cinema paranaense, e um dos di­­retores do longa-metragem Circular, em fase de finalização, o baiano se diz aclimatado e faz questão de ser identificado como um realizador local. Afinal, foi em Curitiba que o diretor, hoje aos 31 anos, fez todos os seus filmes. Mais importante: foi também aqui que deu uma guinada radical em sua história profissional, quando decidiu ingressar, no segundo semestre de 2006, na então recém-criada Es­­cola Superior Sul Americana de Cinema e TV do Paraná, da Fa­­culdade de Artes do Paraná (FAP)

Formado em História pela Universidade de São Paulo (USP), Muritiba havia se mudado, um tanto a contragosto, da capital paulista, onde trabalhava como professor em colégios da rede particular e chegou a fazer bico com bilheteiro do sistema metropolitano de trens. Sua mulher, Ana Lúcia, doutora em Biologia, foi transferida para Curitiba e ele não teve outra opção senão arrumar as malas. "Foi uma mudança por amor", graceja.

Os primeiros tempos foram duros. O baiano, que pretendia lecionar, não conseguiu emprego de imediato e, no auge de uma depressão gerada pelo ócio forçado, chegou a prestar concurso e fazer treinamento para o Corpo de Bombeiros por quase um ano até concluir que a rigidez da vida militar não era bem a sua praia.

Foi então que ficou sabendo do curso de cinema e vídeo, que abriria sua primeira turma no ano seguinte na FAP. Muritiba resolveu apostar no escuro e acabou encontrando, meio sem querer, uma vocação que nem imaginava ter. "Sempre gostei de ver filmes, mas não era um cinéfilo. Não conhecia muito cinema europeu, asiático, mas a produção comercial de Holly­wood."

Aos poucos, na medida em que cursava as matéria do curso, ele foi se dando conta de que tinha jeito para escrever roteiros, en­­controu em si a disciplina necessária para tocar a produção de um filme e, por fim, o instinto, a tenacidade e o talento para arriscar sentar-se na cadeira de diretor.

Ao mesmo tempo irriquieto, mas focado, concentrado, Muritiba diz gostar de pôr a mão na massa, de fazer as coisas acontecerem. "Entrei no curso mais velho, já tendo cursado uma graduação. Não queria perder tempo com festas e outras bobagens." Por conta dessa determinação e de uma certa urgência em dar um rumo a sua vida, co­­meçou a produzir muito cedo. "Tinha em mim esse instinto de sobrevivência muito forte do sertanejo. Lá de onde eu vim, é tudo muito difícil."

Projeto coletivo

O longa-metragem Circular, que deve estar pronto dentro de poucas semanas, parte de uma ideia muito inventiva. Cinco realizadores, todos oriundos Escola Superior Sul Americana de Cinema e TV do Paraná, assinam o roteiro e a direção do filme, cada um respondendo pela história de um dos personagens, que tem seus caminhos entrecruzados por uma Curitiba sobre as rodas de um ônibus. O elenco inclui Letícia Sabatella, Cesar Troncoso, Santos Chagas, Marcel Szymanski, Bruno Ranzani, Luiz Bertazzo, Débora Vecchi e Gustavo Pinheiro.

"O germe do argumento nasceu de uma ideia minha, mas o projeto só ganhou vida pela iniciativa de todos os diretores envolvidos, que trouxeram suas propostas, visões de cinema. É um trabalho realmente coletivo." Realizar um filme em longa-metragem demanda uma engenharia de produção gigantesca, por mais modesto que seja seu escopo. E fazê-lo a dez mãos, então?

Além de Muritiba, integram o time de diretores de Circular Adriano Esturrilho, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio Allon. O projeto foi viabilizado, em 2009, pelo Edital de Filmes de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura (MinC), que conferiu ao roteiro um prêmio de R$ 1 milhão, que, diz Mu­­ritiba, foram suficientes para a realização do longa.

Ele conta que houve bri­­gas, desentendimentos e todos tiveram a generosidade de ouvir e fazer as concessões ne­­cessárias para que o resultado final tivesse uma unidade e, ao mesmo tempo, guardasse as particularidades do cinema dos envolvidos. Complicado, mas desafiador. "Cada um dirigiu a história de seu personagem, mas quando ele adentrava a narrativa de outro, como coadjuvante, o diretor responsável o conduzia, mas tudo dentro de uma coerência dramática e estética, é claro."

Chegar a esse filme, conta o baiano, foi uma longa estrada, construída quilômetro a quilômetro com o aprendizado proporcionado pelos trabalhos que fez (confira quadro ao lado) e ainda vem fazendo desde seu ingresso na FAP – "Ainda não conclui. Tá difícil conciliar fa­­culdade, carreira, produtora..."

Pai de Daniel, de 8 anos, e Natália, 3, nascida em Curitiba, Aly, cujo sobrenome rima com o nome da cidade que resolveu adotar como lar, não pretende ir embora. "Quero fazer cinema aqui, contar histórias com o sotaque daqui." Tanto que que acaba de escrever um roteiro, do longa-metragem SATG FILM, que é uma história sobre jovens "tipicamente" curitibana, que tem como protagonistas alunos do Colégio Estadual do Paraná, "que andam de skate pela canaleta do Expresso da Avenida João Gualberto" e vivem intensamente uma rotina que Muritiba aprendeu a compreender.

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