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Mitos ou verdades?

Antes e depois de sua morte, a figura de Elvis Presley gerou todo tipo especulação, das mais possíveis, porém não-compravadas, às mais absurdas.

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Números

1 bilhão de discos é a quantia aproximada de álbuns de Elvis Presley vendidos ao redor do mundo até hoje, número jamais alcançado por qualquer outro artista na história da indústria musical.

600 mil pessoas é a média anual de visitantes de Graceland, mansão em que Elvis Presley viveu durante duas décadas, em Memphis, e que foi nomeada um marco histórico nacional dos EUA no ano passado.

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É difícil acreditar, mas Elvis Presley sonhava, acima de tudo, ser respeitado como ator dramático. Esse desejo o rei do rock-and-roll não conseguiu satisfazer. Ainda assim, seus anos em Hollywood renderam um conjunto de filmes que, longe de serem obras-primas do cinema, são muito divertidos e importantes para a compreensão de sua persona artística.

A carreira de "ator" de Elvis acontece, obviamente, como conseqüência direta de sua imensa popularidade como cantor. Tanto que o contrato de sete anos que assinou com o produtor Hall Wallis previa que quase todos os títulos fossem musicais ou comédias românticas nas quais, em algum momento, o ídolo soltasse seu vozeirão.

O que mudou no decorrer do período de vigência do contrato foi o uso da imagem de Elvis, manipulada para atingir um público mais amplo. Enquanto que, nos primeiros filmes, sobretudo em Prisioneiro do Rock (Jailhouse Rock, 1957), o astro era retratado como um jovem rebelde e transgressor, lentamente seus personagens foram sendo domados em filmes destinados à família.

Embora nunca tenha sido considerado um "ator de verdade", como Frank Sinatra, que chegou a ganhar o Oscar de melhor coadjuvante por A Um Passo da Eternidade, Elvis tinha respeito dos cineastas com quem trabalhou. Empenhado e disciplinado, não deixava a dever a profissionais do ramo. Tanto que Michael Curtiz, diretor do clássico Casablanca, o descreveu como "educado, polido e trabalhador", realçando sua excepcional memória, que o permitia memorizar suas próprias falas e as do resto do elenco.

Os filmes estrelados por Elvis, sobretudo os "de praia" (beach movies), de olho no público adolescente do início da década de 60, nunca tiveram a aprovação da crítica. A imprensa criticava os roteiros, "quase todos iguais", alegando que eram meros veículos para o astro. E também falavam mal das músicas, "que pioravam filme a filme". Passado meio século, é difícil julgar essas produções apenas por seus escassos méritos cinematográficos. Como manifestações de cultura pop, contudo, têm valor inegável. São o retrato de uma época.

É certo, no entanto, que os argumentos de grande parte dos filmes de Elvis, em especial os realizados na década de 60, os tais voltados "para a família", eram escritos por roteiristas que desconheciam o astro e sua música. Provavelmente nem gostavam de rock. Talvez, por isso mesmo, os aficionados mais radicais da fase roqueira do cantor tenham uma certa má vontade com essa faceta do ídolo.

É inegável, no entanto, que os filmes eram muito populares, até porque durante essa incursão em Hollywood, Elvis quase não fez apresentações ao vivo. Assisti-lo na telona era a única oportunidade dada a seus fãs ao redor do mundo de vê-lo, especialmente fora dos Estados Unidos. Para se ter uma idéia da repercussão dessas fitas, o êxito de Feitiço Havaiano (1961) foi tão grande que o turismo no Havaí teve crescimento significativo.

Quanto à afirmação de que as canções defendidas por Elvis nos filmes eram medíocres, muitos conhecedores da obra do Rei discordam. Vale lembrar que muitos de seus maiores hits eram temas lançados por produções dessa fase menos rock-and-roll. Exemplos não faltam: "Can’t Help Falling in Love", "Return to Sender" e "Viva las Vegas".

A imagem menos ameaçadora e mais palatável de Elvis, veiculada nos filmes dos anos 60, talvez tenha, sim, comprometido a reputação de Elvis como artista sério, precursor de uma revolução musical cujos efeitos se estenderiam até hoje. Ao contrário de um Johnny Cash, cujas trajetória pessoal e produção musical reforçavam a idéia de que era um "artista transgressor", Presley perdeu muito de sua audácia, frescor e provocação. Tanto que, com o surgimento dos Beatles e com a invasão do rock britânico nos Estados Unidos, teve de se reinventar.

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