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Tezza, convidado da Feira de Frankfurt, acredita que o apoio às traduções ajuda a difundir a literatura brasileira no exterior | Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Tezza, convidado da Feira de Frankfurt, acredita que o apoio às traduções ajuda a difundir a literatura brasileira no exterior| Foto: Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

A Feira do Livro de Frank­furt, um dos maiores eventos literários do mundo, começa amanhã, e já antecipa o peso da participação que o Brasil terá no ano que vem, quando será o país homenageado no evento. Neste ano, nove escritores representativos da literatura nacional no mercado estrangeiro comparecem ao evento para debates promovidos pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN), pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), pelo Ministério das Relações Exteriores, pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pelo Brazilian Publishers, projeto de fomento às exportações de livros.

Alberto Mussa, Andrea del Fuego, João Paulo Cuenca, Luiz Ruffato e Michel Laub, nomes expressivos de uma "nova geração" da literatura brasileira, juntam-se aos escritores infantojuvenis Marina Colasanti e Roger Mello e aos veteranos Milton Hatoum e o colunista da Gazeta do Povo Cristovão Tezza para formar uma espécie de mostruário do que o Brasil vem produzindo nos últimos anos. A exposição é completa pelo lançamento da revista Machado de Assis – Literatura Brasileira em Tradução, promovida pela da FBN em parceria com o Itaú Cultural, a Imprensa Oficial de São Paulo e o Itamaraty. A publicação conta com trechos traduzidos para o inglês e para o espanhol de alguns desses autores, com a finalidade de apresentá-los às principais casas editoriais internacionais.

Para Tezza, a participação do Brasil na Feira de Frankfurt é isso: uma vitrine, cujo valor vai pouco mais além do que o simbolismo de ter o país representado literariamente num evento de grande porte. "Quando começaram as traduções do Filho Eterno foi que eu me dei conta da irrelevância da literatura brasileira lá fora. Não temos tradição nem peso literário para esses mercados, e isso só está começando a mudar agora porque há uma nova safra de escritores com grande poder de penetração em outros países, embora a maioria das praças seja ainda muito refratária." O escritor atribui a difusão desses nomes à internet, facilitadora da ponte cultural entre os países.

Cético quanto à superexposição que o Brasil terá na feira, Tezza explica também que o problema dificilmente será resolvido com medidas institucionais. "A literatura não é um problema de Estado. O conteúdo da revista Machado de Assis, por exemplo, já chega ao editor interessado com capacidade de decisão via agente literário. A publicação é uma maneira de oficializar, dar uma dimensão institucional, mas a venda de livro brasileiro, que via de regra não é objetivamente ‘comercial’, depende de um interesse muito específico por parte das editoras estrangeiras privadas", afirma. Contudo, aponta como um estímulo a mais o programa da FBN de incentivo à tradução, que "banca" o tradutor do livro brasileiro que já tem contrato assinado com alguma editora.

A Feira do Livro de Frank­furt segue até o próximo domingo, dia 14, quando o amazonense Milton Hatoum participa de uma cerimônia simbólica que joga oficialmente o foco de luz sobre o Brasil para a edição de 2013. Cristovão Tezza, que já havia sido convidado da feira em 1994 – ano em que o Brasil também havia sido destaque —, diz que, assim como da última vez, pouco vai mudar. "A literatura não transita nesse mundo oficial. Com exceção dos romances policiais e do fenômeno Paulo Coelho, fora do Brasil, ela é restrita a um nicho acadêmico muito pequeno." Resta aguardar e confirmar se o momento para o Brasil na literatura é mesmo profícuo ou tudo não passa de calor especulativo.

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