• Carregando...
Vídeo: | RPC TV
Vídeo:| Foto: RPC TV

Dos palcos às mesas do bar

O Café do Teatro que dá título ao filme de Adriano Esturilho é um bar célebre da cidade por reunir tanto os artistas quanto o público interessado em teatro. É nele que atores se encontram depois de suas apresentações, interagem entre si e com a platéia.

A produção parodia situações e personagens – um exemplo é Lala Schneider no papel de... Lala Schneider. Além da colaboração de inúmeros profissionais (a ficha técnica soma mais de cem pessoas), o filme contou com os R$ 10 mil do edital de cinema digital da Fundação Cultural de Curitiba em 2005.

Sobre as complicações em realizar o média-metragem, Esturilho brinca: "Fazer um filme já é uma complicação".

Para lançar um olhar sobre a cena teatral curitibana, Adriano Esturilho escreveu um conto parodiando personagens e hábitos locais – um ambiente em que o público oferece "muitos aplausos e poucas palmas". O texto está disponível na revista cultural Cyclorama (www.cyclorama.com.br).

Mais tarde, "Café do Teatro" serviria de base para o roteiro do média-metragem de 36 minutos que estréia hoje, às 20h30, no Teatro HSBC. A produção leva o mesmo nome do conto e é o primeiro trabalho de Esturilho no cinema. Diretor teatral ligado ao Grupo Processo Artes Teatrais, ele estuda cinema na Faculdade de Artes do Paraná (FAP).

A história de Café do Teatro fala de dois garotos dispostos a qualquer coisa para conseguir o autógrafo de uma "estrela instantânea" dos palcos curitibanos, chamada Loren Elisa. Como a garota não dá a mínima para os fãs, os dois decidem seqüestrá-la.

O desenrolar dos eventos é transmitido por um repórter investigativo que trabalha para a Rádio Curitibana. Não faltam citações a referências típicas da capital paranaense – de pontos turísticos como a Ópera de Arame até o bar que dá título ao filme.

"Como não existe uma produção cinematográfica contínua no Paraná, o paranaense não está acostumado a se ver no cinema", acredita Esturilho. A expectativa mais ousada que se permite ter em relação ao lançamento de Café do Teatro é o de incutir no público a vontade de ver a si mesmo na tela grande.

"Espero que o filme abra portas e mostre que a dobradinha entre cinema e teatro pode ser um caminho para viabilizar a produção local", diz. O diretor vê na criação da Escola Superior Sul-Americana de Cinema e TV do Paraná (CINETVPR), bacharelado oferecido pela FAP, um momento favorável para o cinema paranaense.

Penúltimo trabalho da atriz Lala Schneider (1926 – 2007) no cinema, Café do Teatro é também o primeiro projeto realizado dentro de um esquema de colaboração entre profissionais e estudantes ligados de alguma forma à CINETVPR. "Nesse sentido, o filme já rendeu frutos. É uma realidade, um resultado prático de um movimento de realizadores que trabalham de modo cooperativo."

Pela experiência no teatro, Esturilho se identifica com cineastas como o francês Patrice Chéreau (A Rainha Margot), um diretor teatral que, no cinema, se tornou célebre por realizar filmes marcados por grandes interpretações. "Se você me perguntasse qual a maior qualidade de Café do Teatro, eu diria que são as interpretações", afirma Esturilho. Para ele, o palco é imbatível no que chama de "encontro", "a presença humana" que leva a uma experiência única. Porém, o teatro é efêmero, enquanto o filme permanece.

Nos próximos meses, Café do Teatro deve ser lançado no Rio de Janeiro e entrar no roteiro dos festivais de cinema. Ainda neste ano, o título fará parte de um projeto que pretende lançar uma coletânea de contos pela Travessa dos Editores junto com um DVD dos filmes inspirados pelas narrativas.

* * * * *

Serviço: Café do Teatro (Brasil, 2007). Com Lala Schneider, Edson Bueno e Chico Nogueira. Direção de Adriano Esturilho. Teatro HSBC (R. Luiz Xavier, 11), (41) 3232-7177. Hoje, às 20h30. Entrada gratuita.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]