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Mady Corell e Charles Chaplin estão no elenco do longa, um provocador retrato da crise de 1929 | Divulgação
Mady Corell e Charles Chaplin estão no elenco do longa, um provocador retrato da crise de 1929| Foto: Divulgação

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Ciclo Chaplin

Monsieur Verdoux. Dia 17, às 19h30. Centro Cultural do Sistema Fiep (Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico), (41) 3271-9560. Entrada franca.

O Cineclube Sesi exibe hoje, às 19h30, dentro do Ciclo Chaplin, em comemoração aos dois anos do espaço, Monsieur Verdoux – Uma Comédia de Assassinatos, de 1947, um dos mais instigantes e ambíguos filmes do cineasta norte-americano, criador de Carlitos.

A história gira em torno do parisiense Henri Verdoux, um ex-bancário assolado pela crise financeira da Grande Depressão (1929-1941), demitido após mais de 30 anos de serviços prestados. Desempregado, ele resolve investir em um novo meio de "sobreviver": conquistar mulheres ricas de meia-idade, divorciadas ou viúvas, roubá-las e matá-las, sem dó, nem piedade.

Roteirizado e estrelado por Chaplin, a trama é inspirada em Henry Désiré Landru (1869-1922), o famoso assassino em série, preso em 1919 e condenado à morte na guilhotina em 1922 por ter tirado a vida de mais de dez mulheres na França. Sem o mundo das gags e com pouco do humor físico que o consagrou, Chaplin arroga para si uma elegância sombria e constrói um painel incrivelmente amargo, ácido, sem espaço para escrúpulos – exceto quando aparecem gatos e lagartas.

Virada

Se em mais de 70 filmes, tínhamos Carlitos, o adorável vagabundo, aqui vemos um Chaplin alheio à ingenuidade, num mundo pós-Guerra, desconstruído. A migração do autor fabulista para o crítico social é um trajeto iniciado em Tempos Modernos (1936), seguido por O Ditador (1940), desembocando no maravilhoso Luzes da Ribalta (1952), sua grande homenagem ao cinema e à melancolia. Monsieur Verdoux está num caminho intermediário, entre o pessimismo, o sarcasmo e a desilusão, sobrando pedras ao capitalismo e à sociedade burguesa.

Ao plano pessoal, Mon­­sieur Verdoux é um sujeito especialmente patife, conquistador barato da mais baixa envergadura. Entretanto, ao sociabilizar o crime, a obra confunde e semeia discussões sobre as desigualdades e motivações na vida cotidiana. É este um Chaplin econômico em humor e alto nas notas críticas: "são tempos desesperados", "um assassinato faz um vilão; milhares fazem um herói. A quantidade santifica".

O filme foi mal recebido pelo público da época, à espera de um universo mais singelo. Alguns cinemas norte-americanos chegaram a proibir o longa, considerado imoral. À parte disso, Monsieur venceu merecidamente o Oscar de melhor roteiro de 1948. No mínimo, dois momentos integram a coletânea das melhores passagens da história do cinema: a conversa entre Henri e Annabella no barco (e a chegada dos cantores tiroleses) e o polêmico discurso na prisão. Imperdível. GGGGG

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