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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

"Jogos mortais IV" começa deliciando os fãs de gore (subgênero de terror recheado de sangue e tripas) com a autópsia de Jigsaw (Tobin Bell). Quando o legista abre seu estômago, encontra uma pequena fita cassete. Ele manda chamar a Homicídios, a fita é colocada em um gravador e o jogo tem início, marcando o retorno, mesmo depois de morto, do serial killer Jigsaw.

Seu quarto episódio, que estréia no Brasil esta sexta-feira (26), tenta injetar ânimo em uma série cujo futuro parece reservar mais dois filmes. A julgar pelo novo longa dirigido pelo jovem diretor de 28 anos, Darren Lynn Bousman, é bem possível que isto aconteça. Mesmo que o longa, em si, tenha esgotado a fórmula e a matéria-prima da série. Afinal de contas, Jigsaw virou o dono da franquia. Fica difícil fazer mais de um filme com ele aterrorizando do além.

Em "Jogos mortais IV", Jigsaw e sua aprendiz, Amanda (Shawnee Smith), estão mortos (ver "Jogos mortais III"). Com a confirmação do assassinato da detetive Kerry (Dina Meyer), e os seis meses de desaparecimento de seu parceiro, o detetive Eric Mathews (Donnie Wahlberg), um casal de agentes do FBI, Strahm (Scott Patterson) e Perez (Athena Karkanis), se apresenta ao detetive Hoffman (Costas Mandylor). Juntos, eles irão tentar reunir todas as peças do macabro quebra-cabeças de Jigsaw.

Rigg (Lyric Bent), um oficial da SWAT, se torna o mais novo participante do jogo, e seu tempo está contando. Cabe a ele passar nos testes em tempo hábil. A procura por Rigg faz com que Hoffman, Strahm e Perez se deparem com um rastro de cadáveres, ao mesmo tempo em que pistas apontam para uma nova suspeita: a ex-mulher de Jigsaw, Jill (Betsy Russell).

Com o decorrer das investigações, o público fica sabendo mais sobre a verdadeira história de John Kramer, revelando-se a origem de Jigsaw, suas intenções e seu plano, inclusive em relação às vítimas que ainda virão. Mesmo após sua morte.

Em seu terceiro filme como diretor da série (além de "Jogos mortais II", de 2005, e "Jogos mortais III", de 2006), Darren já entendeu como plagiar a série e a si mesmo, ao utilizar-se da essência do primeiro - e melhor - episódio da franquia e não modificar a estrutura existente nos outros filmes, incluindo aí a reviravolta no final. Escolado, Darren reutiliza o que deu certo, inserindo novos elementos.

Em "Saw IV" (no original), as engenhocas de Jigsaw estão cada vez mais intrincadas, e a criatividade empregada nas mortes cumpre seu objetivo, mesmo que enojando a platéia em vários momentos. As cenas do tipo "é isso mesmo que estou vendo?" divertem ao mesmo tempo em que causam desconforto.

Mas, fundamentalmente, fazem a trama avançar. E, ela, cheia de auto-referências, se afasta um pouco da premissa original ao recuperar personagens secundários e alçá-los à condição de protagonistas. No entanto, aqui pela primeira vez na série, há um mergulho na essência do criador dos "jogos mortais".

E a grande sacada de "Jogos mortais IV" é ser quase que uma involuntária homenagem a Jigsaw, em forma e conteúdo. Afinal, mesmo depois de morto, ele continua botando o terror. Como eles pretendem fazer daqui para a frente é uma incógnita. Aparentemente, a série já deu o que tinha que dar. Seus produtores têm em mãos um dilema em relação à franquia, na sinistra voz gravada de Jigsaw: "Viva ou morra. A escolha é sua".

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