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Em menos de um ano eles montaram uma banda; gravaram meia dúzia de canções; divulgaram as músicas aos amigos pela internet; conquistaram a admiração de um músico gaúcho, que, por sua vez, apresentou a banda a um produtor e DJ norte-americano; foram contratados por uma gravadora estrangeira; lançaram um compacto em vinil com distribuição internacional; marcaram uma turnê por 30 cidades americanas e canadenses; foram indicados pela revista Rolling Stone como uma das grandes revelações de 2006 e, por fim, acabam de fechar uma turnê européia, com início no próximo dia 10 de maio e passagem por países como Inglaterra, Suécia, Dinamarca e França. Ufa!!!

A trajetória meteórica do trio curitibano Bonde do Rolê, que mescla rock ao batidão dos morros cariocas é capaz de causar falta de fôlego nos mais desavisados. Formado pelos DJs e produtores Rodrigo Gorky e Pedro D’Eyrot e pela vocalista (ou MC) Marina Ribatski, a banda surgiu de uma brincadeira que vem divertindo mais gente do que o previsto, inclusive os próprios integrantes. Com letras libidinosas, performances insandecidas e o já conhecido ritmo frenético do batidão carioca, o grupo aproveita ao máximo o hype criado em torno deles, que, como todo frisson do gênero, tem, sim, seu fundamento.

DJ há cinco anos, Rodrigo Gorky não consegue se lembrar de algum momento de sua vida que não tenha uma trilha sonora. In-centivado pelos pais, que reservavam um quarto da casa especialmente para que o filho promovesse as chamadas festinhas americanas, Gorky tem na memória as discotecagens improvisadas que fazia nos dois aparelhos três em um, posicionados um ao lado do outro. "A gente ouvia muito Roxette, Erasure, Pet Shop Boys, Technotronic e temas de novelas. Eram festas ótimas", recorda.

No final dos anos 90, Gorky, que já produzia músicas em seu computador, fez parte de uma banda com outros dois amigos – um da Califórnia (EUA) e outra, de São Paulo. O projeto, intitulado Belleatec, chegou a fazer certo sucesso na época, com canções tocadas no programa do DJ britânico John Peel e até proposta de contrato com uma gravadora espanhola. "Cada um fazia suas coisas em um lugar e enviava pela internet, na época em que a velocidade era de apenas 56 kbps e para baixar um arquivo de mp3 levava meia-hora. Mas a pressão foi demais e acabamos desencanando", conta.

Walkman

Desde então, Gorky discoteca em festas locais, como a Digital Rock e a All Starz, de onde tira seu sustento. Na tentativa de ter uma profissão "de verdade", o DJ chegou a cursar um ano de Matemática na UFPR e, recentemente, entrou no curso de Letras na mesma universidade. Porém, graças ao sucesso do Bonde do Rolê, já teve de desistir do curso.

O mesmo acontece com Marina, que precisou de trancar o curso de Letras – Inglês – Português, que faz há dois anos na UFPR, para viajar com a banda. Ao contrário de Gorky, Marina tem uma experiência mais roqueira – é guitarrista desde os 12 anos de idade –, e chegou a integrar bandas de punk rock, como a Biscuit Pride, ao lado da escritora e percussionista Estrela Leminski. "Quando entrei para a faculdade, parei de tocar, mas nunca perdi a a vontade de cantar em uma banda de electro. Foi assim que conheci o Gorky", conta.

Pedro, por sua vez, descobriu a música graças a um de seus hábitos favoritos: caminhar. "Eu sempre gostei de andar. O problema é que pensava demais enquanto andava. Quando ganhei um walkman isso se resolveu, pois podia apenas prestar atenção na música", conta, entre risos. Ainda adolescente, ele montou uma banda de hardcore, na qual fazia o papel de vocalista, mas o amadorismo dos integrantes – num determinado momento, todos perderam a vontade de tocar, pois dedicavam-se com afinco à atividade de cheirar cola – o fez desistir logo. "Tocamos só uma vez, no 92 Graus. No meio do show, o baixo foi desplugado. A gente era tão tosco que nem percebeu e continuou tocando assim mesmo", diverte-se.

Assim, Pedro abandonou o hardcore para dedicar-se ao tecno, que aprendeu a discotecar com o DJ Bilau. Em seguida, fez um curso de produção fonográfica e um estágio na produtora de áudio Jamute. No fim de 2004, o DJ fundou o projeto-solo Deviant Kid 001, que mescla música eletrônica e indie rock. Com o sucesso do Bonde, D"Eyrot deixou o projeto um pouco de lado, mas garante que, antes de partir para os EUA, fará sua primeira apresentação-solo.

Apesar das três trajetórias serem um tanto distintas, o trio concorda na maneira analisar a rapidez com que as coisas estão acontecendo em suas vidas musicais. "A gente sabe que hype é uma coisa que passa. Isso não é novidade nenhuma para nós. Vamos nos divertir e ver o tanto que a gente consegue tirar do Bonde do Rolê", afirma Pedro, que é logo emendado por Marina. "O que vier é lucro. O que era para ser só uma brincadeira engraçadinha virou uma viagem para Florianópolis, que se transformou em uma turnê pelo mundo", destaca a vocalista.

Serviço: Você pode ouvir as músicas do Bonde do Rolê no site www.myspace.com/bondedorole.

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