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Cinema

Emoções na estrada ao som das canções do Rei

Exibição de À Beira do Caminho, terceiro longa-metragem de Breno Silveira, foi prejudicada por problemas de som na primeira sessão da mostra competitiva do Cine PE

Curta-metragem curitibano O Descarte: noir com toques de cultura pop tarantinescos | Divulgação
Curta-metragem curitibano O Descarte: noir com toques de cultura pop tarantinescos (Foto: Divulgação)
Argumento de À Beira do Caminho foi criado a partir de canções de Roberto Carlos |

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Argumento de À Beira do Caminho foi criado a partir de canções de Roberto Carlos

A 16.ª edição do Cine PE – Festival do Audiovisual começou, anteontem à noite, com um tropeço. E dos feios. A projeção de À Beira do Caminho, terceiro longa-metragem de Breno Silveira (do sucesso 2 Filhos de Francisco) foi muito prejudicada por problemas técnicos com o sistema de som. Como se tratava de uma cópia digital, o equipamento do Teatro Guararapes, em Olinda, não conseguiu ler os arquivos de som, e apenas as caixas atrás da tela e no fundo do sala os reproduziram, causando problemas de equalização e gerando ecos que impediram a compreensão de muitos dos diálogos pelo público. Mesmo assim, os espectadores não abandonaram a sessão e aplaudiram a produção com entusiasmo nos créditos finais.

O diretor do Cine PE, Alfredo Bertini, já anunciou nova exibição do filme dentro da mostra competitiva para hoje, às 19 horas.

À Beira do Caminho é baseado em um argumento escrito pela jornalista Léa Penteado, fiel escudeira de Dody Sirena, empresário do cantor Roberto Carlos. Ela criou um esboço de história a partir de canções do Rei, que acabou servindo de ponto de partida para o roteiro, assinado por Patrícia Andrade.

O longa conta a história de João, um caminhoneiro solitário e atormentado que sofreu uma grande perda em seu passado e resolve cair na estrada, sem olhar para trás. O destino do personagem, vivido pelo ator baiano João Miguel (de Estômago e Xingu), começa a mudar quando atravessa seu caminho o garoto Duda (Vinicius Nascimento). O menino, após perder a mãe, tenta chegar a São Paulo, onde espera encontrar o pai, que nunca conheceu.

O encontro entre João e Duda faz com que o caminhoneiro comece a reavaliar sua vida, as decisões tomadas desde o acontecimento trágico que lhe roubou a esperança, e que aos poucos vai sendo desvendado, à medida em que a narrativa evolui, partindo do sertão nordestino até chegar a São Paulo.

Canções clássicas de Roberto e Erasmo Carlos, como "A Distância", "O Portão" e "Amigo", entre outras, são peças fundamentais na trama, as comentando e as potencializando emocionalmente. Em entrevista concedida ontem, Breno Silveira, ainda bastante abatido pelo problema ocorrido na projeção do filme, a primeira desde que ficou pronto, contou que Roberto Carlos levou um ano para autorizar o uso das músicas, e nem sabia que sua assistente de longa data havia escrito o argumento para o filme, com lançamento previsto para agosto. Ainda neste ano, ele lançará outro longa-metragem, sobre a vida de Luiz Gonzaga (1912-1989), o Rei do Baião, que faria 100 anos em 2012, e sua relação com o filho, o compositor Gonzaguinha.

Com uma bela fotografia de Lula Carvalho e elenco afinado, que conta ainda com Ângelo Antônio e Dira Paes, ambos presentes em 2 Filhos de Francisco, À Beira do Caminho pretende ser um filme popular, com fortes traços melodramáticos e uma certa pegada neorrealista, com referências explícitas a Central do Brasil. Peca, no entanto, em exagerar na emoção e resultar um pouco redundante, óbvio demais em sua tentativa de comover a todo custo. Ainda assim, tem bons momentos, que podem ajudá-lo a encontrar seu público em um ano em que o cinema nacional de ficção anda patinando.

O jornalista viajou a convite da organização do Cine PE.

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