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Curta-metragem curitibano O Descarte: noir com toques de cultura pop tarantinescos | Divulgação
Curta-metragem curitibano O Descarte: noir com toques de cultura pop tarantinescos| Foto: Divulgação

Curta-metragem

Curitiba dos anos 90 volta à vida em animação

A curta de animação paranaense O Descarte, de Carlon Hardt e Lucas Fernandes, exibido na primeira noite da mostra competitiva do Cine PE – Festival do Audiovisual, teve recepção calorosa do público.

A trama se passa na Curitiba do início da década de 90, período no qual a capital paranaense "começou a perder seus ares provincianos e começou a ganhar ares de metrópole", segundo Hardt.

No centro do enredo está um rapaz que, durante um encontro sexual em um motel da cidade, sofre uma tentativa de homicídio: a garota que o acompanha tenta assassiná-lo e ele não tem a menor ideia do motivo. Resta-lhe, então, desvendar esse mistério, no melhor estilo noir, com toques de cultura pop tarantinescos.

Como eram apenas garotos na época retratada, os diretores recorreram a uma extensa pesquisa iconográfica, que passou pela internet, mas também por bibliotecas e acervos fotográficos.

Na tela, estão points curitibanos que não existem mais, como os lendários Linus Bar, na Alameda Augusto Stellfeld, e o Circus, que ficava na Rua São Francisco. E outras referências, que vão do antigo Bamerindus, hoje HSBC, ao programa mundo-cão do jornalista policial Luiz Carlos Alborghetti. Também não ficaram de fora as peças de mobiliário urbano de acrílico, remanescentes dos anos 70 e a Catedral de Curitiba, que passou por reformas à época da trama e teve sua fachada coberta por um tapume com a pintura de outra igreja, em estilo barroco.

Também foram exibidos na noite de quinta-feira os curtas Depois da Queda (MT), ficção de Bruno Bini; e Qual Queijo Você Quer (SC), ficção dirigida por Cintia Domit Bittar, nascida em Curitiba, mas radicada em Florianópolis, ambos muito bem-recebidos. (PC)

  • Argumento de À Beira do Caminho foi criado a partir de canções de Roberto Carlos

A 16.ª edição do Cine PE – Festival do Audiovisual começou, anteontem à noite, com um tropeço. E dos feios. A projeção de À Beira do Caminho, terceiro longa-metragem de Breno Silveira (do sucesso 2 Filhos de Francisco) foi muito prejudicada por problemas técnicos com o sistema de som. Como se tratava de uma cópia digital, o equipamento do Teatro Guararapes, em Olinda, não conseguiu ler os arquivos de som, e apenas as caixas atrás da tela e no fundo do sala os reproduziram, causando problemas de equalização e gerando ecos que impediram a compreensão de muitos dos diálogos pelo público. Mesmo assim, os espectadores não abandonaram a sessão e aplaudiram a produção com entusiasmo nos créditos finais.

O diretor do Cine PE, Alfredo Bertini, já anunciou nova exibição do filme dentro da mostra competitiva para hoje, às 19 horas.

À Beira do Caminho é baseado em um argumento escrito pela jornalista Léa Penteado, fiel escudeira de Dody Sirena, empresário do cantor Roberto Carlos. Ela criou um esboço de história a partir de canções do Rei, que acabou servindo de ponto de partida para o roteiro, assinado por Patrícia Andrade.

O longa conta a história de João, um caminhoneiro solitário e atormentado que sofreu uma grande perda em seu passado e resolve cair na estrada, sem olhar para trás. O destino do personagem, vivido pelo ator baiano João Miguel (de Estômago e Xingu), começa a mudar quando atravessa seu caminho o garoto Duda (Vinicius Nascimento). O menino, após perder a mãe, tenta chegar a São Paulo, onde espera encontrar o pai, que nunca conheceu.

O encontro entre João e Duda faz com que o caminhoneiro comece a reavaliar sua vida, as decisões tomadas desde o acontecimento trágico que lhe roubou a esperança, e que aos poucos vai sendo desvendado, à medida em que a narrativa evolui, partindo do sertão nordestino até chegar a São Paulo.

Canções clássicas de Roberto e Erasmo Carlos, como "A Distância", "O Portão" e "Amigo", entre outras, são peças fundamentais na trama, as comentando e as potencializando emocionalmente. Em entrevista concedida ontem, Breno Silveira, ainda bastante abatido pelo problema ocorrido na projeção do filme, a primeira desde que ficou pronto, contou que Roberto Carlos levou um ano para autorizar o uso das músicas, e nem sabia que sua assistente de longa data havia escrito o argumento para o filme, com lançamento previsto para agosto. Ainda neste ano, ele lançará outro longa-metragem, sobre a vida de Luiz Gonzaga (1912-1989), o Rei do Baião, que faria 100 anos em 2012, e sua relação com o filho, o compositor Gonzaguinha.

Com uma bela fotografia de Lula Carvalho e elenco afinado, que conta ainda com Ângelo Antônio e Dira Paes, ambos presentes em 2 Filhos de Francisco, À Beira do Caminho pretende ser um filme popular, com fortes traços melodramáticos e uma certa pegada neorrealista, com referências explícitas a Central do Brasil. Peca, no entanto, em exagerar na emoção e resultar um pouco redundante, óbvio demais em sua tentativa de comover a todo custo. Ainda assim, tem bons momentos, que podem ajudá-lo a encontrar seu público em um ano em que o cinema nacional de ficção anda patinando.

O jornalista viajou a convite da organização do Cine PE.

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