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Detalhe da obra “Composition – Espace ” (1953), de Cicero Dias | Reprodução
Detalhe da obra “Composition – Espace ” (1953), de Cicero Dias| Foto: Reprodução

Artistas

Conheça os dez artistas que participam da exposição Cor e Forma II, que põe à venda cerca de 80 obras na Galeria Simões de Assis.

Abraham Palatnik

Alfredo Volpi

Arcangelo Ianelli

Ascânio MMM

Cícero Dias

Eduardo Sued

João Carlos Galvão

Gonçalo Ivo

Jaildo Marinho

Marcos Coelho Benjamim

Serviço

Simões de Assis Galeria de Arte (Al. D. Pedro II, 155 – Batel), (41) 3232-2315. Abertura para convidados, dia 22, às 20 horas. 2ª a 6ª, das 10 às 19 horas e sáb. das 10 às 14 horas. Até 9 de agosto.

A exposição Cor e Forma II (confira o serviço completo), que abre para o público amanhã, na Galeria Simões de Assis, põe lado lado obras de dois mestres brasileiros do construtivismo, os já falecidos Alfredo Volpi (1896-1988) e Cícero Dias (1907 - 2003), e de mais oito artistas contemporâneos de prestígio internacional que também têm o estudo das cores e da geometria como características.

A mostra, que abre para convidados hoje, às 20 horas, com a presença do artista João Carlos Galvão, reúne 80 obras bem distribuídas nos dois pisos da espaçosa galeria instalada em uma casa de pedra, no Batel.

Se os tons intensos são uma das marcas registradas da mostra, continuação de um projeto já realizado em junho de 2008 com 11 artistas, as duas primeiras salas exibem peças em que predomina o branco, reunião de todas as cores, dos artistas Galvão, Jaildo Marinho e Ascânio MMM.

O português Ascânio MMM, que vive no Rio de Janeiro desde 1959, cria peças feitas com ripas de madeiras pintadas de branco ordenadas umas sobre as outras de mo­­do quase arquitetônico. "As suas esculturas guardam forte relação com o purismo construtivo por meio do deslocamento de peças a partir de um eixo central", escreve o pesquisador Lauro Cavalcanti em texto publicado no catálogo que acompanha a exposição.

Elas dialogam com as esculturas do pernambucano Jaildo Marinho, o mais jovem entre os dez artistas, formadas por quadrados sobrepostos de mármores de carrara e que surpreendem o visitante pela sua mobilidade. O artista, que vive em Paris desde 1993, integra o Movimento Madi Internacional, fundado em 1946, em Buenos Aires, pelo artista uruguaio Carmelo Arden Quinn, que reúne artistas ligados ao conceito da arte geométrica.

Do Madi também é membro o carioca João Carlos Galvão, criador de obras em relevo que têm como suporte principal as cores e a ma­­deira. Em uma delas, a tinta acrílica branca sobre madeira e a madeira natural aliam-se em uma tela tridimensional formada por blocos circulares e quadrados que, como escreve Radha Abramo, "criam grande tensão gráfica, construindo um alfabeto plástico".

Na grande sala que divide a galeria, onde estão livros e catálogos sobre os dez artistas, figuram as famosas bandeirinhas de Alfre­­do Volpi e as abstrações de cores tropicais de Cícero Dias. "A exposição realiza um link histórico entre as obras desses pioneiros do abstracionismo no Brasil e artistas contemporâneos que também têm como fios condutores a cor, a geometria, a espacialidade", diz Waldir Simões, proprietário da galeria.

Geométricos regionais

O pernambucano Cícero Dias, que se destacou na Semana de Arte Moderna de 1922 com uma arte ainda figurativa de temática regional, trocou o Rio de Janeiro pela fervilhante Paris dos anos 1930 e, em meio aos movimentos vanguardistas, passou a produzir telas cada vez mais abstratas. Em "Composição", do início da década de 1940, elementos da cultura nordestina como a vegetação, os casarios, a cor e a luz dos trópicos são vislumbradas em meio a uma pintura que, aos poucos, se tornará ainda mais geométrica.

Se nas obras de Dias os elementos nordestinos se desmaterializam, em Volpi a bandeirola é abstraída em telas em têmpora em que vibram cores e formas. "Depois que faleceu, em 1988, houve uma grande lacuna de exposições de sua obras até que, em 2006, o Mu­­seu de Arte Moderna de São Paulo – MAM-SP exibiu uma retrospectiva, seguida de outra mostra no Museu Oscar Niemeyer – MON", lembra Simões, que em 1985 realizou a mostra Quatro Mestres e Quatro Visões, com obras de Volpi, Barsotti, Tomie Ohtake e Arcangelo Ianelli (1922-2009).

Deste último, que morreu no ano passado, o galerista exibe exemplares de duas fases principais: a geométrica, desenvolvida nas décadas de 70 e 80, e a de vibração, formada por telas em que o pintor paulistano abre mão da forma para se fixar unicamente na pulsação da cor e da luz. Suas grandes telas dialogam com perfeição com as de outros dois artistas ali presentes: o mineiro Marcos Coelho Benjamin, que exibe giagantecas obras redonadas em base de zinco pintado e fixada sobre rodas de madeira, e o carioca Gonçalo Ivo, com pinturas a aquarelas "onde a presença da colagem desempenha papel telúrico", como escreve Oscar D’Ambrósio.

As telas de Ivo também se aproximam, em alguma medida, das pinturas de cores vibrantes de Eduardo Sued, outro carioca. "Aci­­ma de tudo, Sued é um liberador da energia da cor, um corajoso colorista brasileiro de sensibilidade contemporânea – tanto pelos agudos azuis, amarelos e vermelhos quanto pelos graves ocres e pretos e pelos cinzas e prateados atonais mais recentes", opina Ronaldo Brito em texto publicado no catálogo.

A mostra traz ainda as telas de Abraham Palatnik, descendente de judeus russo nascido em Natal, Rio Grande do Norte, considerado o precursor da arte cinética no Brasil. Sua obra de rigor matemático são feitas de tiras de madeira pintadas, fatiadas a laser e montadas de modo a formar estruturas visuais de efeito impressionante.

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