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Fãs adoram o "estilo" Amy Lee | Divulgação/Seven Shows
Fãs adoram o "estilo" Amy Lee| Foto: Divulgação/Seven Shows

RETROSPECTO

• Em 1995, a Fundação Cultural de Curitiba organizou uma grande exposição de Frans Krajcberg, sob curadoria de Orlando Azevedo, denominada A Revolta, que ocupou vários espaços culturais da cidade, entre eles um pavilhão que a Secretaria de Meio Ambiente criou no Jardim Botânico para implantação de uma estufa de plantas.

• O artista gostou do espaço e, como pensava em doar à Fundação Cultural de Curitiba algumas obras, sugeriu sua remodelação para formar um espaço cultural.

• Assim, em 12 de outubro de 2003, criou-se o Espaço Cultural Frans Krajcberg, que desde então exibe ao público 110 obras de madeira de grande porte cedidas pelo artista.

• De acordo com a assessoria da FCC, entre 4 e 5 mil pessoas visitam o museu mensalmente – destas, 2 mil são crianças e jovens de escolas que pré-agendam a visitação. Mas, o diretor do órgão municipal, Paulino Viapiana, admite que as obras do artista precisam de restauro.

ANIVERSÁRIO

• Na última quinta-feira, Frans Krajcberg completou 86 anos. Os festejos, em Nova Viçosa, na Bahia, duraram dois dias, e incluíram a concessão do diploma de cidadão honorário do Estado da Bahia ao artista.

• Entre os convidados, estava o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que propôs ao artista a criação de um centro cultural com suas obras no Parque Ibirapuera.

Em agosto do ano passado, o artista plástico Frans Krajcberg veio a Curitiba rever as 110 esculturas que doou ao Espaço Cultural que leva seu nome, no Jardim Botânico. O que viu não agradou. Revoltou-se com o estado de conservação das obras que considerou "largadas, mal-conservadas, adulteradas e pouco visitadas" e, imediatamente, solicitou sua devolução ao prefeito e à Fundação Cultural de Curitiba.

As obras – doadas oficialmente à prefeitura em setembro de 2005, mas que estão na cidade desde 1995 – não foram devolvidas. Para contornar a situação, a Fundação Cultural de Curitiba contratou o Centro de Conservação e Restauração – CECOR, da Universidade Federal de Minas Gerais, considerado referência na América Latina, para fazer um diagnóstico da situação do acervo.

O laudo está pronto e prevê a conservação e o restauro de alguns trabalhos e a criação de pedestais para proteger as obras, que atualmente estão em contato direto com o chão.

A medida, no entanto, não foi bem recebida pelo artista, morador de Nova Viçosa, litoral da Bahia. "Ninguém tem o direito de tocar em minhas obras, a não ser eu", disse ele, em entrevista por telefone ao Caderno G.

"Não adianta fazer laudo. Quem sabe o que se passa com suas obras é o artista", diz o fotógrafo Orlando Azevedo, curador da grande exposição realizada pela FCC, em 1995, que reuniu trabalhos do artista polonês naturalizado brasileiro em espaços culturais da cidade.

Antes de tomar qualquer decisão, a equipe da FCC pretende conversar com Krajcberg, em reunião prevista para acontecer no final deste mês. "Entramos em contato com seu assessor e ele nos disse que ele virá", afirma o diretor do órgão municipal, Paulino Viapiana. É provável, mas o artista não esconde a mágoa, ainda incontida. "Fui convidado a voltar, mas prefiro esperar até me acalmar. Ainda estou muito machucado", reclama.

Na reunião, Viapiana pretende definir um cronograma para as concretização das propostas e apresentar alternativas, que incluem a transferência do espaço cultural para outro local. Esta proposta, no entanto, depende de uma conversa que ele terá com o prefeito Beto Richa.

Além da insatisfação com o estado das obras, o artista confessa que imaginou um espaço com ambições mais amplas. "Deveria ser um espaço ecológico, onde as pessoas possam se encontrar para refletir sobre a devastação ao meio ambiente", reclama. Ele considera modelo o espaço cultural que recebeu em Paris. "É um espaço como nunca se viu. O mundo acordou, as pessoas estão vendo que precisamos parar de destruir", diz.

Viapiana, que esteve lá no ano passado, não concorda. "Em Paris, são recebidos 60 milhões de turistas ao ano, aqui recebemos um milhão. Além disso, não dá para comparar Curitiba com uma cidade em que há consciência ecológica de primeiro mundo. Mas, em termos de estrutura, não vi grandes diferenças", conta.

Ele argumenta que o espaço em Curitiba recebe a visitação permanente de turistas e, principalmente, de estudantes; há monitores treinados e exibição de vídeos e palestras que discutem a importância da preservação do meio ambiente.

Para o diretor, a obra de Krajcberg é um grito de alerta à humanidade. "Ele está certo em defender a utilização do espaço da forma que ele imagina. Esta crítica permanente é um estímulo para que a gente possa fazer o impossível. Mas, milagres não vamos conseguir".

O artista, que completou 86 anos no dia 12 de abril, pondera e diz que não quer brigar. Mas, insiste: "Espero que eles (a FCC) cuidem e criem verdadeiramente um espaço cultural, ecológico".

Serviço: Espaço Cultural Frans Krajcberg (R. Ostoja Roguski – Jardim Botânico), (41) 3218-2419. Visitação de terça a domingo, das 9h às 12h e das 13h às 18h. Ingressos a R$1 (domingos); entrada franca (quartas-feira e para crianças até 7 anos e idosos com mais de 60 anos); R$3 e R$1,50 (meia), nos outros dias.

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