• Carregando...
“O que está fora do mundo normal é louco. Mas, na realidade, muita gente usa máscaras para disfarçar que está fora do padrão. Meus contos, em geral, tratam disso”, afirma Claudia Belfort | Robson Fernandjes/AE
“O que está fora do mundo normal é louco. Mas, na realidade, muita gente usa máscaras para disfarçar que está fora do padrão. Meus contos, em geral, tratam disso”, afirma Claudia Belfort| Foto: Robson Fernandjes/AE

Nem sempre há saída para quem se perde

O ser humano, antes de mais nada, é um estrangeiro. Seja quem for, esteja onde estiver. Podemos disfarçar essa condição por meio de roupas, máscaras, profissões, sorrisos e entorpecimentos.

Leia a matéria completa

Claudia Belfort é mais conhecida como jornalista, mas ela é, antes de tudo, uma escritora. Desde a adolescência, ainda em Pernambuco, estado onde nasceu, já escrevia ficção e poemas. Naquele tempo, escreveu um conto em que a mão esquerda conversava com a mão direita.

Em 1992, mudou-se para Curitiba, onde construiu reputação de competente jornalista. De assessoria de imprensa à mídia impressa, passou pela sucursal da revista Veja, e, de 2000 a 2007, atuou na Gazeta do Povo, onde foi chefe de redação. Atualmente, é editora-chefe do Jornal da Tarde, em São Paulo.

Claudia, mesmo em meio a tan­­tas notícias e prazos, jamais dei­­xou de prestar atenção no comportamento de todo e qualquer humano, seja colega, vizinho ou amigo. Esse olhar para o outro mirou, acima de tudo, a loucura. Ela não teme ser rotulada de politicamente incorreta. Afinal, já faz algum tempo que, na academia e mesmo na imprensa, evita-se a expressão loucura, pouco a pouco substituída por outros nomes: bipolaridade, transtorno obsessivo compulsivo, esquizofrenia etc.

Em 2003, Claudia começou a esboçar o primeiro dos 13 contos que compõem Aqueronte, o Rio dos Infortúnios. Ano passado, escreveu e reescreveu a maior parte desses breves mas intensos textos de ficção.

Ela elaborou 13 protagonistas, um em cada conto, para problematizar a loucura. A autora se envolveu tanto com o tema, que se viu obrigada a criar o blog Sinapses para continuar refletindo sobre o assunto.

Claudia percebe que o cotidiano impede que as pessoas externem problemas que podem afastar o ser humano da chamada normalidade. Mas, procurando bem, estar fora da normalidade não é algo novo. A autora recorda que o filósofo grego Sócrates já falava a respeito da loucura. "Para Sócrates, o amor é um ato de loucura, porque tira o sujeito da racionalidade. E tudo o que nos tira da razão nos torna loucos. Portanto, o amor é loucura", afirma.

E São Paulo, cidade veloz, poderia tornar a jornalista, e agora escritora, fora de alguma normalidade? "Não", ela responde. Claudia já era bastante acelerada em Curitiba. Realizava muitas atividades diariamente, o que continua a fazer hoje. Entre um engarrafamento e outra espera, ela registra ideias em uma caderneta Moleskine. Assim (também) se fez Aqueronte. Assim ela deve fazer outros livros.

Serviço

Lançamento do livro Aqueronte, o Rio dos Infortúnios, de Claudia Belfort (São Paulo: Letras do Brasil, 158 págs.) Quintana Café & Restaurante (Av. Batel, 1.440), (41) 3078-6044.

Dia 10, a partir das 19h30. A entrada é franca. O livro custa R$ 34.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]