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Brigas, separações e desentendimentos não são uma característica comum apenas aos relacionamentos afetivos dos casais. Que o diga o mundo pop. Além da convivência diária, no âmbito artístico há ainda o problema dos chamados "egos inflados", ou seja, a valorização, por vezes excessiva, de um talento, o que acaba causando a disputa por atenção e reconhecimento em relação àquele que se sobressai. Embora soe um tanto complicada, a relação descrita acima já foi motivo de dissolução de muitas bandas e parceiras artísticas ao redor do mundo, a mais recente vista por aqui mesmo, na cena musical curitibana.

Formada em 2000 pelo cantor Zé Rodrigo, a Soulution Orchestra, desde então, se propôs a reproduzir o estilo das grandes big bands de jazz, rock e soul dos anos 50, tanto no visual (todos os integrantes usam ternos bicolores), quanto no repertório, formado apenas por releituras de clássicos dos mesmo gêneros. O grupo, que sempre contou com mais de dez integrantes, alcançou em seus seis anos de estrada boa repercussão entre o público local, participando de eventos particulares promovidos por grandes empresas e importantes apresentações, como a abertura do show do blueseiro norte-americano B. B. King. A fama também alcançou o circuito nacional, com participações em programas de tevê, como Jô Soares Onze e Meia e a realização de temporadas em outras capitais.

Eis que, naturalmente, a posição de destaque acabou ficando a cargo do vocalista Zé Rodrigo, que aproveitou as boas oportunidades proporcionadas pelo trabalho do grupo para montar sua própria empresa de eventos, a Soulman Produções, e para desenvolver projetos musicais paralelos, como um show-tributo a Frank Sinatra e outro grupo intitulado Zé Rodrigo e Orchestra, em que, ao lado de mais de 30 músicos, interpreta canções de nomes como Tony Bennett, Nat King Cole, Ray Charles, entre outros.

Sentindo que estavam sendo deixados de lado e impulsionados pela ambiente hostil que já tomava conta da formação, sete músicos da Soulution Orchestra decidiram, em novembro do ano passado, trabalhar em um projeto paralelo, batizado de Big Time Orchestra, que, segundo eles, "faria tudo o que a Soulution já não fazia mais". "Já estávamos em divergência. Queríamos continuar com um repertório mais rock e começar a fazer músicas próprias, mas o Zé Rodrigo não queria", conta o baixista Fabiano Cordoni. Assim, os músicos chamaram mais cinco colegas, entre eles o vocalista Zorba Mestre, e passaram a apresentar um repertório igualmente calcado em releituras de clássicos dos anos 50 e 60.

Porém, a saída encontrada pelos instrumentistas para continuar fazendo o que gostavam não agradou nada a Zé Rodrigo, que logo tratou de registrar o nome Soulution Orchestra. "Registrei o nome porque fui eu que o inventei. É um nome que está conectado a minha pessoa, com o meu trabalho, e previ que se fosse usado por outras pessoas, com o tempo, minha imagem ia acabar sendo prejudicada. Além disso, o projeto paralelo deles é um cover da Soulution. Até as roupas são iguais", justifica Zé Rodrigo.

Roupas iguais, repertório muito semelhante, mas, de acordo com os integrantes da Big Time, uma proposta bastante diferente. "A gente não se preocupa apenas com a parte musical. Temos um trabalho forte de coreografia e estamos começando a compor músicas próprias, em português, algo que não existe no Brasil no gênero que tocamos", destaca o baterista André Ricciardi.

Sob o cuidado do ex-empresário da Soulution Orchestra, Herbert Lucas, também produtor e diretor artístico da casa Bourbon Street, de São Paulo, a Big Time Orchestra já tem uma extensa agenda de shows incluindo cidades como Brasília, Campos do Jordão e Goiânia. Brigas à parte, o público curitibano poderá conferir a mais nova big band da cidade hoje, no Via Rebouças, quando o grupo grava seu segundo videoclipe ao lado da cantora (e também ex-perceira da Soulution) Vanessa Jackson.

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