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 | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Qual a sensação de participar do Filo depois de 43 anos de sua fundação?

Gosto de dizer que o Filo não é um evento, é um processo. Às vezes tem dificuldades, bambeia de um lado ou de outro, mas o conceito continua o mesmo. Não acontece em um momento do ano e depois acaba. Desde o começo, ele se preocupou em manter a cena de teatro da região, criando grupos, viajando, ou fazendo oficinas no meio do ano, e com isso mantendo uma atividade anual, com gente de outras cidades se comunicando e discutindo com grandes personagens do teatro nacional, muitas vezes internacional. O Filo também plantou uma semente que envolveu a região, estimulando grupos da periferia, que hoje trabalham sozinhos, fazendo dança e teatro. E o festival esteve à frente da criação de redes, como a Rede Latino-americana de Produtores Independentes. À frente do Teatro Guaíra [2003-2006], expandi isso para projetos de intercâmbio com outros países. Quando nós começamos, ninguém fazia teatro [em Londrina].

Você está satisfeita com a cena londrinense hoje?

Sim, inclusive porque conseguimos dar continuidade criando o curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Em minha banca de contratação como professora estava Bárbara Heliodora...

O Festival marcou profundamente a cena de Londrina?

Como certeza. Nomes como Mário Bortolotto e Paulo de Moraes começaram aqui. O Mário era deplorado, por causa do jeitão dele, e eu o achava ótimo. E isso que ele nem gostava de mim, mas mesmo assim eu ia a todas as peças dele...

Existe um movimento de resistência à atração do eixo Rio-São Paulo?

O importante é que o Filo não parou no tempo, que é o modelinho que todo mundo faz: tem o festival, e depois para tudo. Temos trabalhos importantes que ficam por aqui. Nossos grupos querem se apresentar, em São Paulo ou no exterior, mas depois voltam, e isso não tem importância, é uma forma de aprender e se relacionar. E sempre temos cursos por aqui com alguém de fora.

O festival tem filhos e netos pelo mundo: a herança do gene da arte e da cultura impregnou outras gerações. Eu acho que teatro deveria ser mais valorizado nesse sentido, o que depende muito dos artistas, de fazer ver que a cultura não é algo a que se assistir e pronto. Pode também mudar a percepção da realidade.

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