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 | Fotos: Divulgação
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Espetáculo

A Música e a Cena

Festival de Teatro de Curitiba. Guairão, dias 2 e 3 de abril. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada).

A Música e a Cena, em cartaz nos dias 2 e 3 de abril, durante o Festival de Teatro de Curitiba, une dois grandes nomes das artes brasileiras. Ela, Cida Moreira, é conhecida por suas performances musicais e teatrais numa carreira de quase 40 anos. Canta de Noviça Rebelde a Kurt Weil, o mestre que embalou os espetáculos de Brecht.

Ele, Gilberto Gawronski, encenou peças memoráveis em vários festivais, como Dama da Noite, de Caio Fernando Abreu, Dona Otília e Outras Histórias, Nem um Dia Se Passa sem Notícias Suas (com Edson Celulari) e Ato de Comunhão.

Para a edição deste ano, a dupla foi convidada a unir forças e trazer um espetáculo que conte um pouco da história do teatro musicado no Brasil e no mundo, com 17 canções e árias operísticas regidas por Alexandre Brasolim, violonista da Orquestra Sinfônica do Paraná. Os artistas conversaram por telefone com a Gazeta do Povo:

Qual o viés de A Música e a Cena?

Cida: É um espetáculo complexo, com coisas eruditas. Erudito e muito solene. Estou muito feliz porque tenho feito bastante coisa assim. Em maio, farei uma semana com a Orquestra do Teatro São Pedro, só com canções alemãs. É o trabalho que tenho feito, fui convidada por saberem que cada vez mais tenho esse viés dentro da música que eu faço. Então, honrosamente, recebi um telefonema perguntando se não gostaria de cantar no festival...

Gilberto: Tenho uma parceria grande com o festival, e quero produzir algo que resgate o histórico do teatro musicado brasileiro.

Que história vocês vão ­­contar?

Gilberto: Temos um fio condutor que é a própria história do teatro musicado brasileiro. Uma possibilidade, como tenho uma cantora que é atriz e uma atriz que é cantora, é que posso brincar um pouco com os personagens. Penso numa figura que está no camarim e que vai se apresentar em seguida. Um pouco de metateatro. Ela vai e volta do palco, e o bastidor mostra as inseguranças do mundo em que ela tem de estar. E fala sobre isso a partir de músicas.

Quais são as canções escolhidas?

Cida: A ideia é misturar coisas eruditas com algumas canções muito pontuais dos grandes musicais, como Porgy and Bess, A Noviça Rebelde...

Não são novidades para você, Cida...

Cida: Graças a Deus, nenhuma é novidade! Mas agora tenho de estudá-las dentro da estética que o Gilberto vai colocar.

Gilberto: Vamos resgatar algumas músicas que têm a ver com isso [a vida de artista], como "Bastidores", que Chico escreveu para Cauby Peixoto, e "Atriz", de Edu Lobo. Elas falam do universo da atriz, de um ser que canta, e suas inseguranças. Um verso que me bate muito é do Edu Lobo: "Será que é o contrário a vida da atriz?" Ao mesmo tempo, a ideia é oferecer ao público a possibilidade de ver tantas músicas que fazem parte do nosso universo cancioneiro, e que foram criadas para o teatro. As pessoas conhecem, sabem cantar, e nem sabem que são de uma peça, como A Ópera do Malandro, que tem "Geni e o Zepelin" e "O Meu Amor". As pessoas não sabem.

Qual a expectativa de trabalharem juntos?

Cida: É a experiência de aprendizado. É isso que eu quero, lidar com gente com quem nunca trabalhei, gente talentosa. Isso é o mais bacana de tudo.

Gilberto: É meu primeiro musical... Sou admirador do trabalho da Cida. Dentro dela tem essa personagem que eu estou imaginando. Para mim, a imagem mais emblemática dela é em seu show A Dama Indigna, com o charuto...

O que pensam da profusão de montagens musicais no Brasil ao estilo Broadway?

Gilberto: Não sou contra. Só na hora em que parece que não tem teatro tão bom assim no Brasil. Hoje parece que a gente tem de só importar um modelo para poder fazer teatro de qualidade. É importante falar de um teatro musicado brasileiro, de altíssima qualidade, que tem de ser estimulado.

Cida: Esse é um meio comercial muito profícuo, mas não vejo valor artístico muito grande, não é minha preferência para assistir. Preferia ver musicais brasileiros.

Cida Moreira, atriz e cantora e Gilberto Gawronski, diretor

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