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Joaquin Phoenix e Marion Cotillard protagonizam o filme como imigrantes em situação degradante | Divulgação
Joaquin Phoenix e Marion Cotillard protagonizam o filme como imigrantes em situação degradante| Foto: Divulgação

Cinema

Veja informações deste e de outros filmes no Guia da Gazeta do Povo.

Sejamos assertivos: Era Uma Vez em Nova York, quinto longa-metragem do cineasta americano James Gray, em cartaz nos cinemas brasileiros desde ontem é o melhor do ano até aqui, e será difícil algum outro filme tirá-lo dessa posição (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

O título brasileiro pode soar tolo num primeiro momento, pois não há muito o que se assemelhe a um conto de fadas, registro normalmente associado ao "era uma vez". Mas é uma solução mais eficaz do que A Imigrante, pois este título destruiria a ambiguidade do original, The Immigrant, que tanto pode se referir a um homem quanto a uma mulher.

Isso acontece porque o filme tem o protagonismo dividido entre dois personagens, ambos imigrantes: a recém-chegada polonesa Ewa Cybulska (Marion Cotillard, ganhadora do Oscar por Piaf – Um Hino ao Amor, em seu melhor momento), e o trambiqueiro Bruno Weiss (Joaquin Phoenix), que já estava devidamente instalado na América.

Com a irmã sofrendo de tuberculose e sob risco de deportação, Ewa não está em condições de recusar ajuda. Protegida por Bruno, ela encontra um meio de ficar no país. Como contrapartida, é levada (embora nunca forçada) a um trabalho que envolve dança e prostituição.

Quando aparece Orlando, o mágico galanteador vivido por Jeremy Renner, o coração conturbado de Ewa pende para o seu lado. Afinal, dele vem a magia, enquanto o outro é responsável por sua degradação. Mas as coisas não são simples como se insinuam.

Direção

James Gray (dos igualmente sublimes Caminho sem Volta e Amantes) vem desenvolvendo uma carreira impressionante. Seu estilo conjuga o melhor do clássico e do barroco no cinema.

Trabalhando quase sempre com a horizontalidade do formato scope, tecnologia de filmagem e projeção com o uso de lentes amórficas (a exceção é Os Donos da Noite), o diretor é mestre na dramatização dos desvios e obstáculos de imigrantes dentro da sociedade americana.

Como sempre em seu trabalho, não há mocinhos ou vilões. Todos são vítimas das circunstâncias. Todos manipulam ou vampirizam por necessidade, e podem ser manobrados ou "sugados" também. Agem com crueldade por não encontrar (ou conhecer) outra maneira de agir.

Num terreno em que as maldades de um estão espelhadas nas maldades de outro, e a ambiguidade humana é escancarada, o longa-metragem se encerra obrigando o espectador a rever seus próprios conceitos. Tanto em relação ao filme quanto em relação ao que se espera do cinema.

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