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Despautérios, com a Cia. Suno de Arte, dirigida por Domingos Montagner | Divulgação
Despautérios, com a Cia. Suno de Arte, dirigida por Domingos Montagner| Foto: Divulgação

Atrações

Espetáculos escolhidos por Beto Andreatta, da Pia Fraus, para o Teatro Cleon Jacques

A Noite dos Palhaços Mudos

Adaptação da HQ de Laerte pela companhia La Mínima. Fernando Sampaio e Domingos Montagner receberam o prêmio Shell de melhores intérpretes.

Circo Cabaré 1

As companhias La Mínima, Pia Fraus, Namakaka e Circo Amarillo se juntam em um show de números cômicos e acrobáticos.

Circo Cabaré 2

A Pia Fraus e o Circo Amarillo continuam o show recebendo os Irmãos Becker, de São Paulo, e clowns paranaenses.

Circo Malabarístico

Espetáculo de malabarismo em que os Irmãos Becker desempenham números clássicos e experimentais.

Despautérios

Fora do picadeiro, três palhaços da Cia. Suno de Arte levam o humor e o insólito às ações mais triviais da rotina.

É Nóis na Xita

Cara de Pau, Montanha e Cafi são os palhaços do grupo Namakaka que competem pelo riso do público infanto-juvenil.

Por mais que Beto Andretta nunca tenha trazido um espetáculo da Pia Fraus ao Fringe, as quatro vezes em que veio como convidado à Mostra Contemporânea – a mais recente com Oceano, no ano passado – foram o bastante para se interessar por debater com o diretor do Festival de Curitiba, Leandro Knopfholz, sobre os caminhos para a mostra paralela. Andretta propôs uma maneira de atuar no Fringe que não apenas foi aceita, como tem potencial para apontar um futuro mais maduro ao evento.

Ele se encarregou de pensar a programação de um dos espaços envolvidos na mostra, o Teatro Cleon Jacques. Escolheu um a um os espetáculos que ocuparão o palco do edifício cercado pelo Parque São Lourenço, entre os representantes do círculo que lhe é mais próximo: o circo contemporâneo paulista. Seu primeiro convite foi feito a um espetáculo consagrado em sua temporada paulista, para que fosse a âncora da programação: A Noite dos Palhaços Mudos, pelo qual os palhaços Fernando Sampaio e Domingos Montagner venceram o Prêmio Shell – que abriu uma exceção entregando o troféu de melhor ator a uma dupla.

O Teatro Cleon Jacques foi uma escolha emotiva e racional. Naquele espaço, Andretta viu o grupo Armazém apresentar Alice, uma das peças memoráveis do repertório do grupo dirigido por Paulo de Moraes. O programador levou em conta também o fato de o palco ser multiuso, ao mesmo tempo amplo e íntimo, e o ambiente ao ar livre do parque, por onde crianças e adultos passeiam durante o dia. As sessões realizadas à tarde, por sinal, terão mais apelo familiar, enquanto as da noite têm malícia própria a adultos. "Para não ficar de fora, a Pia Fraus vai fazer uma participação com duas cenas antigas no Cabaré", diz Andretta.

Ele conta que o movimento de circo contemporâneo em São Paulo, de onde saíram as companhias que vêm a Curitiba, começou com a Central do Circo, no começo dos anos 2000 – uma reunião do Circo Mínimo, a Linhas Aéreas e a La Mínima (formada por palhaços que já trabalharam com a Pia Fraus). Foi o nascedouro de outro movimento circense de lona, o Circo Zanni, desta vez com a La Mínima e o Circo Amarilho. "São as duas lonas mais jovens de circo em São Paulo, e estão representadas aqui."

Em comum, esses grupos e os outros que orbitam pelo mesmo cenário, como o Namakaka, os Irmãos Becker e a Cia. Suno, têm a maneira de encarar o circo, que se diferencia das companhias circenses tradicionais, familiares, entre as quais o Beto Carreiro e o Le Cirque são as mais fortes representantes. Andretta compara ao teatro, que ciente da impossibilidade mercadológica de sobreviver sem subsídio público se organizou para conquistar apoio do Estado, e conclui que o circo ainda não soube seguir o mesmo caminho, em parte por conta do seu caráter itinerante e da organização (inclusive trabalhista) particular das lonas tradicionais, nas mãos de empresários, em vez de um grupo de artistas.

"Começa a chegar uma geração mais intelectualizada forçando o métier circense a se organizar melhor. O circo tradicional perdeu a capacidade financeira e nesse processo foi degringolando artisticamente. Há um descuido com a iluminação, a sonorização, o ambiente, ausência de direção e dramaturgia. A geração nova traz essas preocupações básicas", diz o artista, lembrando que coube primeio à França essa renovação, e ao Cirque du Soleil a sua popularização.

Futuro

Andretta sabe que, ao assumir a programação do Cleon Jacques – e abrir precedente para que Chico Pelúcio, ator do grupo Galpão, fizesse o mesmo pelo Teatro Novelas Curitibanas – está inau­­gurando um modelo que pode mudar a dinâmica do Fringe a médio prazo – hoje marcada pela grande presença de produções informais, precárias. "Adoraria que 300 dos 370 espetáculos fossem produções mesmo", diz, concordando que essa contagem, atualmente, só chegaria a 70 por "generosidade".

"Vamos ver esse festival ter uma importância cada vez maior no Brasil. O Fringe ainda está em uma fase intermediária, tateando onde quer se posicionar, o que é normal", analisa, levando em conta os 13 anos de existência da mostra paralela curitibana, comparados ao Fringe de Edimburgo, realizado desde 1947, para onde espetáculos de qualidade são atraídos em massa.

Confira a programação completa do Festival de Curitiba. Acesse http://guia.gazetadopovo.com.br/teatro

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