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Escritores em geral detestam rótulos. Talvez por medo de ficarem limitados a um gênero ou forma, como "romances de tribunal" ou "livros de suspense". Já o norte-americano Edmund White não tem problema algum em dizer que escreve "ficção gay". Ele conta que sempre trabalhou consciente do público que representa e da responsabilidade que tem perante várias pessoas que, de outra forma, não teriam voz na ficção americana.

Hoje com 66 anos, o autor de "O Homem Casado", publicado no Brasil pela editora Arx, participou da 4.ª Festa Literária Internacional de Parati (Flip) e, carismático, teve facilidade para ganhar o público durante a mesa redonda de que participou ao lado da nova-iorquina Nicole Krauss.

Nascido em Cincinatti, estado de Ohio (EUA), White conta que passou duas décadas se revezando em divãs diferentes de cinco psicanalistas. "O freudismo foi minha forma favorita de intelectualidade e desenvolveu em mim um interesse no indivíduo", conta. Perto dos 30 anos de idade, ele rompeu com o pai da psicanálise e seu interesse pelo indivíduo deu lugar a uma preocupação com a coletividade. "Não foi por acidente que estudei Marcel Proust, o psicólogo supremo da ficção. Alguém que não foi de forma nenhuma influenciada por Freud." A biografia "Marcel Proust", escrita por White (editada pela Objetiva no Brasil, e hoje esgotada), é uma referência para quem pesquisa o autor de "Em Busca do Tempo Perdido".

Literatura gay

"O Homem Casado" (2000) é o último de uma série de quatro livros que documentam a cultura gay americana. Embora possam ser lidos de maneira independente, a quadra se fecha com "Um Jovem Americano" (1995), "O Lindo Quarto Está Vazio" (1996) e "A Sinfonia do Adeus" (1997). Todos de White, com elementos autobiográficos, sobretudo o primeiro e o terceiro.

Para o autor, a ficção precisa falar a um leitor médio e, por isso, tende a evitar excentricidades. "A biografia e a autobiografia têm de ser muito escrupulosas enquanto registros da verdade na medida em que podemos de fato registrá-la e contá-la." Ele gosta de citar Friedrich Schiller, o poeta e filósofo alemão para quem o propósito da literatura é mostrar às pessoas o que elas seriam se fossem completamente livres.

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