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A maranhense mantém o estilo dor de cotovelo antenada com as novidades | Arquivo Gazeta do Povo
A maranhense mantém o estilo dor de cotovelo antenada com as novidades| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

O debate sobre as relações entre a arte e o entretenimento foi a principal atração na quarta-feira (29), da 12.ª Jornada Nacional de Literatura. O debate contou com a participação dos escritores Marina Colasanti, Flávio Carneiro, Nelson Motta e Maurício Melo Júnior, além da representante do Canal Futura, Lúcia Araújo. A conversa, mediada por Ignácio de Loyola Brandão, Júlio Diniz e Alcione Araújo, começou com uma reparação polêmica ao título: "Arte é entretenimento", sentenciou Marina.

A distinção entre literatura e entretenimento teria sido avivada pelos modernistas, de acordo com o crítico Flávio Carneiro, para quem o grupo de Mário de Andrade estabeleceu que "literatura era coisa séria" e, portanto, diferente dos folhetins do século 19 que causavam choro e riso.

"Entretenimento é o que nos distrai, nos tira do cotidiano e nos leva para um espaço de prazer e fruição, exatamente o que a arte faz", justifica Colasanti. "A arte e o entretenimento são uma coisa só porque eles nascem juntos nos mitos, nos ritos, nas celebrações de cunho religioso. Até o mercado se meter entre esses dois. Ficou uma metade pra cá, outra pra lá, as duas se procurando, sem conseguir formar novamente uma unidade", setenciou a autora.

Nelson Motta engrossou o coro a favor do caráter de entretenimento da arte. "O que é melhor, uma arte chata ou um entretenimento empolgante?", provoca. "Você pode ter as duas coisas", disse, em defesa de uma solução que concilie as duas possibilidades.

O contraponto ao consenso veio de Ignácio de Loyola, que recusou a visão de que a arte necessariamente entretém, citando as dificuldades para se avançar na leitura de um livro como Ulisses, de James Joyce. "É o quê, um entretenimento para poucos?"

Em outra conferência foi discutida a formação do leitor literário. O professor, jornalista, conservador de biblioteca, antologista da poesia francesa e tradutor, Henri Deluy, destacou iniciativas de leitura para jovens na França, tendo inclusive publicado poesias brasileiras na Revista L´Action Poétique. "Na França, os jovens respeitam o poeta, mas consideram-no um ser distante. É preciso fazer as pessoas entenderem que poesia não cai do céu, poesia não traz somente o sentimento, trabalha com palavras que expressam muito da realidade", garantiu. Conforme Deluy, mesmo que seja um trabalho difícil e talvez sem esperança, se faz necessário lutar a favor do ensino da poesia, incentivando os jovens com jogos de palavras.

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