Espaço para a arte do palhaço

• 0

A arte do palhaço pode assumir inúmeras formas – no caso do espetáculo catarinense De Malas Prontas, em cartaz neste fim de semana no Guairinha, a graça surge de duas grã-finas disputando espaço (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). Sem palavras, elas dizem muito sobre a tolerância – ou falta dela – e a vida em sociedade.

VÍDEO: Veja um trecho da peça De Malas Prontas

A cena se passa toda num banco de aeroporto, no qual as duas senhoras aguardam por seus voos. Como adereços, elas têm suas malas – das quais pode sair de tudo – e suas roupas espalhafatosas.

O grupo Pé de Vento, de Florianópolis, traz o espetáculo a Curitiba com apoio da Funarte, por meio de um prêmio concedido pelos dez anos em cartaz. Com os recursos, a companhia irá excursionar ainda por Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.

O espetáculo, que estreou em 2003, já passou por Curitiba em duas ocasiões: durante uma temporada no Teatro da Caixa e no último Festival de Teatro, quando integrou a Mostra Seu Nariz, da Cia. dos Palhaços, com uma única apresentação. Ao todo, nessa década de existência, a peça soma 600 noites de humor.

Para elaborar o roteiro, as atrizes Lily Curcio e Vanderléia Will passaram três meses em "laboratório", como são chamados os ensaios de criação no teatro, sob orientação do diretor espanhol Pepe Nuñez.

"Mergulhamos no universo da comédia para fazer uma crítica à falta de comunicação, a essa sociedade que, às vezes, por causa de uma palavra, vai à violência", contou Vanderléia em entrevista à Gazeta do Povo.

O resultado é um show humorístico em que se estabelece alta tensão entre as atrizes. Apenas com gestos e atitudes improváveis, elas acabam extrapolando os limites do comportamento civilizado. "São duas mulheres, mas representam dois mundos", explica a atriz.

"Tiro certo"

Após dez anos, o espetáculo continua sendo requisitado ao redor do Brasil e por outros países também – já foi apresentado em Portugal, Espanha e Estados Unidos, entre outros. Com duração de 65 minutos, a peça é considerada um "tiro certo" pelo grupo, já que é difícil uma plateia que não responda bem ao humor apresentado.

"A dramática é universal e atemporal, serve para qualquer público", contou o diretor à reportagem. Pepe já observou em apresentações pelo interior do país, para públicos não habituados à linguagem do teatro, que a compreensão é instantânea.

Quem quiser ir além e enxergar metáforas terá um prato cheio. Para Vanderléia, a elaboração das malas, a música utilizada e as cores vibrantes do figurino instigam o espectador, que poderá ver cada elemento como um símbolo de algo maior.

Exposição

A companhia também apresenta ao público curitibano uma exposição com fotos da carreira do espetáculo nos dez anos que está em cartaz. A mostra ficará no hall do Teatro Guairinha até domingo.