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Pjota explora a ressignificação de objetos colocando-os em narrativa | Divulgação
Pjota explora a ressignificação de objetos colocando-os em narrativa| Foto: Divulgação
  • O trabalho de Kboco dialoga com a arte urbana e a arquitetura, com linhas retas e camadas sobrepostas
  • Limites entre o desenho e a pintura no trabalho de Vânia Mignone

O lugar da pintura e sua típica ortodoxia técnica são duas das principais convenções que três artistas contemporâneos se empenham em subverter na exposição Invenção de Paisagens, que abre hoje ao público, a partir das 19 horas, na SIM Galeria. Com apresentação do crítico de arte Felipe Scovino, a mostra reúne os paulistas Pjota e Vânia Mignone e o goiano Kboco. Experimentais, modernos e ousados, o trio de artistas preocupa-se em repensar o lugar da arte e a relação dela com as paisagens urbanas, cada vez mais suscetíveis a mudanças culturais, climáticas e à remarcação de fronteiras.

VÍDEO: Saiba mais sobre a mostra Invenção de Paisagens

A aparente – e concreta – disparidade entre o trabalho dos três encontra sua interseção na proposta da exposição. "Todos partilham de uma mesma relação contemporânea da construção de imagens e de cidades, e todos mostram como se faz e se interpreta a linha construtiva do contemporâneo e de paisagens", explica o diretor e sócio-proprietário da galeria, Guilherme Simões de Assis. Para isso, técnicas mistas de composição, como recortes, colagens e camadas sobrepostas, marcam os difusos estilos da mostra.

O mais jovem artista da exposição, Pjota, de 23 anos, utiliza um pouco de cada uma dessas técnicas para compor suas obras expansivas e violentas, que exigem do espectador uma leitura mais lenta e detalhada. Não tanto uma invenção de paisagem, o paulista formado pelo Centro Universitário Belas-Artes de São Paulo busca, antes de tudo, uma ressignificação de elementos contemporâneos. "Procuro criar um campo dentro do suporte em que uno objetos relacionados à nossa cultura de massa, encaixando-os em uma narrativa que fale à contemporaneidade", explica o artista, contando que chegou a seu atual estilo, marcado por colagens, pinturas e desenhos à caneta, por meio de uma pesquisa constante em que trabalha há oito anos. "A minha tentativa é sempre de enxergar essas imagens de uma maneira não convencional. Há a função real do objeto, seja ela sua função estética, política ou funcional, e há a sua função dentro da minha arte, diferente da original."

Parte da geração 90, a paulista Vânia Mignone dilui as barreiras entre pintura e desenho em seus quadros, acompanhados quase sempre de uma pequena frase. A obra em destaque, "Meio Dia", de 2009, ilustrou uma página do livro Pintura Brasileira Séc. XXI (Ed. Cobogó), de organização de Frederico Coelho e Isabel Diegues. Velozes, sequenciais e com uma estranha inadequação entre imagem e texto, os trabalhos da artista são diretamente relacionados ao pop e ao urbano. "As obras nos questionam sobre que lugar ou paisagem é aquela que está diante de nós. Há uma espécie de mistério a ser decifrado. Um lugar preenchido pelo indício de que algo acabou de acontecer por ali ou há muito é ocupado apenas por memórias. São situações imprecisas que qualificam as suas obras como imagens de lugar nenhum", escreveu o crítico Felipe Scovino sobre o trabalho de Vânia.

Por último, transitando tranquilamente entre o espaço urbano e as galerias está o goiano Kboco. Pintor tanto de quadros quanto de murais, o artista é reconhecido internacionalmente como um interlocutor da arquitetura e das expressões marginais, embora seu estilo se distancie consideravelmente do grafite e afins. "Comecei pintando quadros, até que descobri que poderia pintar na rua e que era arte, sem necessariamente ser associado a algum movimento social, como o hip-hop, por exemplo", conta o artista, que preparou especialmente para a mostra um mural no espaço frontal. Seu estilo de linhas retas, tons de branco, verde e lilás e desenhos sobre camadas, arabescos e algumas colagens sutis foi amplamente elogiado em Nova York e em países da Europa pelos quais passou, como Alemanha e Espanha.

Como é costume de Kboco, que deixa nas cidades onde expõe uma arte em algum espaço livre, Curitiba também ganhará um muro assinado pelo pintor, ainda sem local definido. "Meu trabalho vem desse deslocamento constante. Eu acabo influenciado e sendo influenciado pelo espaço. Eu costumo ficar mais tempo nas cidades pelas quais eu passo e deixar nelas um trabalho que faço especialmente para aquele local."

Serviço:

Invenção de Paisagens. SIM Galeria (Al. Pres. Taunay, 130A), (41) 3322-1818. Abertura hoje, às 19 horas. Vistação de 3ª a 6ª, das 10h às 19h, e nos sábados, das 10h às 18h. Entrada franca. Em cartaz até 14 de abril.

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Cultura e Lazer | 1:31

A mostra "Invenção de Paisagens" abre na próxima quinta-feira (15) e traz três artistas comprometidos em repensar a paisagem urbana.

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