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tributo

Polaco setentão

Amigos de Paulo Leminski imaginam como estaria o poeta hoje, quando completaria sete décadas de vida. Ainda em “ebulição” ou o melhor parceiro para o chá da tarde?

 | Ilustração: Osvalter Urbinati
(Foto: Ilustração: Osvalter Urbinati)
Na chácara de Rafael Greca, Paulo Leminski, judoca faixa preta, defende-se de chute de Jorge Mautner. A foto é do início dos anos 1980 |

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Na chácara de Rafael Greca, Paulo Leminski, judoca faixa preta, defende-se de chute de Jorge Mautner. A foto é do início dos anos 1980

No mesmo dia, prestes a acender um cigarro, Leminski brinca com Mautner |

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No mesmo dia, prestes a acender um cigarro, Leminski brinca com Mautner

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Macarrão sem queijo, amor sem beijo, acordar sem bom dia era, para Leminski, como papel sem poesia |

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Macarrão sem queijo, amor sem beijo, acordar sem bom dia era, para Leminski, como papel sem poesia

Orlando Azevedo, o amigo e parceiro musical na banda A Chave, retratou Leminski em seu estúdio, em 1982 |

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Orlando Azevedo, o amigo e parceiro musical na banda A Chave, retratou Leminski em seu estúdio, em 1982

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Orlando e Leminski se encontravam para compor na casa do poeta, nas Mercês |

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Orlando e Leminski se encontravam para compor na casa do poeta, nas Mercês

Matéria do jornal O Estado do Paraná, de 1974, sobre o retorno aos palcos da banda A Chave, formada por Paulo de Oliveira, Ivo Rodrigues, Orlando Azevedo e Carlos Gaertner. Leminski era o quinto elemento |

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Matéria do jornal O Estado do Paraná, de 1974, sobre o retorno aos palcos da banda A Chave, formada por Paulo de Oliveira, Ivo Rodrigues, Orlando Azevedo e Carlos Gaertner. Leminski era o quinto elemento

Leminski escreveu a letra de

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Leminski escreveu a letra de

Leminski, Alice Ruiz e Ria Lee jogam conversa fora na cama do quarto do antigo hotel Iguaçu Campestre, no início dos anos 1980. A ex-Mutante estava em Curitiba, à espera do show que faria no Teatro Guaíra |

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Leminski, Alice Ruiz e Ria Lee jogam conversa fora na cama do quarto do antigo hotel Iguaçu Campestre, no início dos anos 1980. A ex-Mutante estava em Curitiba, à espera do show que faria no Teatro Guaíra

Na casa de Paulo Leminski, em 1973, nas Mercês, o

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Na casa de Paulo Leminski, em 1973, nas Mercês, o

Durante a Bienal de Fotografia, provavelmente em 1982, Leminski se mistura a um quadro em uma casa de festas, no Batel, em Curitiba |

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Durante a Bienal de Fotografia, provavelmente em 1982, Leminski se mistura a um quadro em uma casa de festas, no Batel, em Curitiba

"Acaso é este encontro/ entre o tempo e o espaço", tamborilou Paulo Leminski. Pois, foi por acaso, ou artimanha sideral do polaco, que o artista plástico Rogério Dias surgiu de repente para contribuir com esta matéria. No bar, lembrou-se do bom-humor inteligente do escritor e de sua criatividade incansável.

Também de seus momentos de fúria passageira, como o dia em que virou a mesa forrada de petiscos e biritas porque não se conformou com o título que haviam acabado de lhe conceder. "Eu não sou guru de ninguém, p****!" Isso tudo só faz lembrar o que disse recentemente o escritor português Valter Hugo Mãe sobre o ilustre curitibano. "Com muita pouca coisa, Leminski parece demolir o mundo – ou construir o mundo inteiro."

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É de se pensar como estaria Paulo Leminski hoje, setentão. Talvez menos "cachorro louco". Certamente ainda mais culto. Quem sabe um músico completo, com o bigode a fazer inveja a Dalí. "Eu o imagino mais irreverente ainda, produzindo, e produzindo cada vez melhor", diz o ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná Jaime Lerner, camarada do poeta.

Se há algo marcante na figura complexa do curitibano mais conhecido é sua falta de vergonha. A começar pela produção artística. O mesmo Leminski que escreveu Catatau, livro que exige do leitor, além de uma boa poltrona, referências enciclopédicas, cunhou poemas popularescos como "Ameixas/ Ame-as ou deixe-as". "Ele não tinha vergonha de ser brilhante. Não escondia a sua genialidade", diz Lerner, para quem o legado do poeta, de forma geral, foi fazer da vida uma experiência menos carrancuda. "Leminski deixou um recado inteligente e irreverente: ter uma visão crítica do mundo, mas não se levar tão a sério. Tentar ter mais entendimento dos outros do que projetar no mundo você mesmo," explica Lerner, que conheceu Leminski em pleno Passeio Público.

Chá

Outro polaco, Jaime Lechinski esteve muito próximo de Leminski entre 1985 e 1989, os últimos anos de sua abundante vida. "Ele era uma farra e uma mina de criatividade", resume o ex-secretário de comunicação do governo. Naquela época, o bar Camarim, quase anexo ao Teatro Guaíra, borbulhava. Leminski era assediado e sempre correspondia. Cometia poemas em guardanapos. Declamava. E pedia vodcas. "Apesar de sua erudição, era generoso com todo mundo", lembra Lechinski.

Sua versão do Leminski setentão continuaria em "constante ebulição", mas o copo daria vez à xícara, num lugar bem tranquilo. "Acho que hoje, se ele estivesse vivo, marcaríamos um encontro para tomar um bom chá."

Rasputin

Orlando Azevedo é, digamos, o fotógrafo de carteirinha de Paulo Leminski. Também foi um dos fundadores da banda A Chave, que deu espaço à verve musical do escritor. Sua definição para o aniversariante é certeira. "Ele foi um verdadeiro Rasputin paranaense. Muito intenso e muito invulgar em sua performance, física inclusive. Não é por acaso que virou essa mídia", conta Azevedo.

E o senhor Paulo Leminski aos setenta, a quantas andaria, Orlando? "Estaria produzindo muito, inclusive algumas coisas que eu não apreciaria. Porque ele queria estar em todas as posições ao mesmo tempo. E quase conseguia, porque tinha um discurso incrível e era um grande sedutor. Na verdade era isso: Leminski era um grande sedutor." Leminski****VIDEO****

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