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Personagens vivem eles mesmos em outra vida, a do filme | Divulgação
Personagens vivem eles mesmos em outra vida, a do filme| Foto: Divulgação

Filme

A Vizinhança do Tigre

De Affonso Uchoa. Hoje, às 21h30, no Espaço Itaú 3, e dia 4, às 15h15, na mesma sala. Classificação indicativa: 12 anos.

Estreia hoje, dentro da Mostra Competitiva do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, A Vizinhança do Tigre, um dos dois longas-metragens brasileiros entre os 12 selecionados – o outro é Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queiroz, que terá sua primeira exibição amanhã.

Híbrido de documentário e ficção, A Vizinhança do Tigre tem direção do mineiro Affonso Uchoa e venceu os prêmios de melhor filme tanto do júri quanto da crítica na Mostra de Tiradentes 2014.

O longa retrata o cotidiano de cinco garotos, alguns ainda na adolescência, moradores de um bairro na periferia de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte: Juninho, Neguinho, Eldo, Adilson e Menor. Meio homens meio meninos, consomem e traficam drogas, andam de skate, brincam de ser bandidos, dançam e cantam rap, e se desnudam de corpo e alma para a câmera.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Uchoa conta que o filme nasceu sem roteiro algum. "Comecei apenas visitando algumas pessoas que me interessavam no bairro, estudando seus cotidianos. Ao repetir os encontros e intensificando a relação com eles, acabava por os conhecer mais e pensava em propor algumas ações, alguns diálogos."

Quando encontrou os atores com quem se interessava em trabalhar, o diretor começou a pensar nos personagens. "Já tinha mais de 30 horas gravadas e compus um roteiro em que muitas cenas já haviam sido filmadas. Pensei em questões fundamentais para cada personagem, alguns desafios e motivações e imaginei algumas cenas e, por já os conhecer, escrevi situações que alguns deles já haviam vivido."

O roteiro teve muitas cenas que não foram filmadas e outras gravadas sem estarem escritas, pois a relação avançou, a vida deles também e havia situações que deixaram de fazer sentido, enquanto outras se mostravam mais urgentes.

Uchoa conta que cada personagem tem uma história particular de entrada no projeto. Dois deles, Eldo (que morreu no primeiro dia de 2012, de tuberculose) e Adílson, eram mais velhos, e o cineasta já os conhecia há bastante tempo.

Interessante é a trajetória de Juninho, que assume certo protagonismo, com momentos memoráveis. "Um dia estava esperando Eldo para filmar uma cena na rua e ele passou, todo coberto de pó de cimento. Estava fazendo um reboco em uma parede de uma casa vizinha e estava indo comprar palha de aço pra lixar o reboco."

Na ida à mercearia, Juninho viu o diretor sentado, o cumprimentou e continuou seu caminho. Na volta, com a palha de aço e as lixas na mão, perguntou se era verdade que Uchoa estava fazendo um filme. "Disse que sim e ele me perguntou: ‘E como que faz pra entrar nesse filme?’."

Uchoa já conhecia Juninho e sabia que era um sujeito sedutor, inteligente e engraçado. "Quase não acreditei na minha sorte, mas, conhecedor da personalidade dele, disse que ele entraria no filme a hora que quisesse, mas, se entrasse era pra ser coisa séria. Ele disse ‘Já é’. O encontro foi em 2009 e filmamos com ele até 2013."

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