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E Agora? Lembra-me, do português Joaquim Pinto, é um dos grandes destaques da Mostra Competitiva do festival | Divulgação
E Agora? Lembra-me, do português Joaquim Pinto, é um dos grandes destaques da Mostra Competitiva do festival| Foto: Divulgação

O Sequestro de Michel Houellebecq

Quem assistiu ao dramático A Religiosa (2013), vai ficar meio encasquetado com o engenhoso O Sequestro de Michel Houellebecq, selecionado para a Mostra Competitiva. O cineasta francês muda quase radicalmente de registro, assumindo os riscos de fazer uma "comédia intelectual", trazendo da realidade para dentro da ficção o polêmico autor de Partículas Elementares. Tido por alguns como um provocador poseur de direita, e por outros como um escritor com inegável habilidade para criar tramas em torno de suas idiossincrasias, Houellebecq interpreta a si mesmo no filme, uma ficção, brincando com sua imagem pública: encarna um homem solitário, antissocial e, de certa forma, um tanto carente. Esses traços explicam o apego que acaba rolando entre ele e seus supostos algozes. GGG1/2 (Paulo Camargo)

A Chamada

O tema de A Chamada, curta-metragem do brasileiro Gustavo Vinagre – que trata da história de Lázaro Escarze, um senhor cubano de 86 anos que ama a revolução e vende alimentos em uma cooperativa – parece interessante e sedutor. Mas o filme decepciona pela falta de sensibilidade com que o assunto é abordado. Como filme, o curta não chega a criar no espectador uma empatia pelo personagem principal, o velho Escarze. De voz forte e fala direta, ele é retratado apenas como um senhor embrutecido por uma história de vida. Como documentário, formato que poderia ser melhor explorado na trama, também não dá um panorama histórico, político e social de Cuba além do que os brasileiros já sabem – ou supõem que sabem. GG1/2 (Vir Moraes)

Branco Sai, Preto Fica

"Quero revolucionar a gramática cinematográfica", sentenciou o cineasta Adirley Queirós ao fim da sessão de Branco Sai, Preto Fica no domingo, dia 1º. A proposta – desconstruir a linearidade da narrativa – é evidente na obra, repleta de simbolismos sobre racismo, desigualdade social e truculência das autoridades. Longe de ser um produto convencional, o filme se vende como um documentário sobre dois homens que foram gravemente feridos em confrontos com a polícia na década de 80. O resultado, porém, é uma ficção científica futurista sobre um homem que usa próteses nas pernas, um radialista cadeirante com planos terroristas e um viajante no tempo. Nesse cenário distópico, as histórias não se cruzam nem fazem sentido. GGG (Rodolfo Stancki)

Zjan Revolution

Um dos títulos mais radicais na Mostra Competitiva deste ano, o longa argelino Zjan Revolution, de Tariq Teguia, não é um filme fácil por vários motivos. De uma beleza arrebatadora, vai na contramão do cinema narrativo convencional, e incita o espectador a sair da zona de conforto, com imagens que se sobrepõem e se contrapõem em uma obra de confronto, nada apaziguadora e de múltiplos sentidos. Ibn Battuta (Fethi Ghares) é um jornalista investigativo que, em meio a uma apuração no sul da Argélia, pega um desvio. Abandona tudo para pesquisar a respeito de um levante de escravos que teria ocorrido no Iraque dos séculos 8 e 9, na época um califado. Em jogo nessa busca, está toda a fragmentada identidade árabe. GGGG (Paulo Camargo)

E Agora? Lembra-me

O documentário português, premiado em diversos festivais internacionais tem o próprio realizador, Joaquim Pinto, como personagem central. Portador de HIV e Hepatite C, ele participa de estudos de drogas não aprovadas para a hepatite, e vai comentando os efeitos colaterais dos medicamentos. No meio desse diário, Pinto mostra ainda o seu cotidiano com o companheiro, Nuno, e com os quatro simpáticos cachorros que vivem junto com o casal. Além de falar sobre a indústria farmacêutica, o documentário também aborda o amor, livros, filmes, e reflete sobre assuntos como a crise na economia portuguesa e a necessidade do consumo exagerado. Mesmo longo (são quase três horas), a mistura de temas não deixa o filme cansativo. GGG1/2 (Isadora Rupp)

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