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Samba | Divulgação
Samba| Foto: Divulgação

O inquieto Billy Corgan

Que Billy Corgan sempre foi a "alma" dos Smashing Pumpkins ninguém duvida. Compositor, letrista, vocalista e guitarrista, Corgan fundou a banda em 1988, com o guitarrista James Iha, a baixista D’Arcy Wretzky e o baterista Jimmy Chamberlin. Após um ótimo début com Gish (1991), a banda gravou Siamese Dream (1993) que a consolidou no cenário rock. Mas foi com o terceiro álbum, o duplo e épico Mellon Collie and The Infinite Sadness, de 1995, que o grupo foi projetado mundo afora.

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Os céticos torceram o nariz logo souberam que o Smashing Pumpkins gravaria um novo disco. O anúncio chegou em 2005, na semana do lançamento do disco-solo de Billy Corgan, TheFutureEmbrace. Mas o que poderia ter sobrado da banda original após brigas, problemas com drogas, saída do guitarrista James Iha e da baixista D’Arcy Wretzky, e os vôos solos do vocalista? Pois bem, Corgan e o baterista Jimmy Chamberlin – únicos integrantes da formação original – se reuniram e o resultado é Zeitgeist (termo germânico que significa "espírito do tempo"), sexto disco da banda.

Talvez o título do álbum soe um pouco pretensioso para um disco de rock. E é. Mas modéstia nunca foi exatamente uma das virtudes de Corgan, que desde os primeiros trabalhos dos Pumpkins, os ótimos Gish e Siamese Dream, nunca escondeu a sua, digamos, megalomania musical.

Zeitgeist se distancia a maior parte do tempo dos metais melódicos do clássico Mellon Collie and The Infinite Sadness, o melhor da carreira da banda, para apostar em uma sonoridade mais pesada, espécie de grunge sujo que lembra hits como "Zero" e "The End Is The Beggining Is The End" (da trilha sonora de Batman e Robin). Corgan não escondeu sua reverência ao metal ao chamar Terry Date, do Pantera, para produzir o CD.

O resultado é acertado. As experiências de Corgan pós-final do Smashing Pumpkins, em 2000, não empolgaram. O som mais alegre e pop de Zwan, banda criada pelo músico em 2001 e que não vingou, e o disco-solo, fracasso de vendas, devem ter servido para Corgan voltar às origens.

Zeitgeist inicia com a potente "Doomsday Clock", com metais pesados em tempo certo. Nas letras, o tal do "espírito do tempo": "Is everyone afraid?/You should be ashamed/Apocalyptic screams mean nothing to the dead" ("Alguém está com medo?/Você deveria estar envergonhado/Os gritos apocalípticos não significam nada para os mortos"). A melancolia e tristeza infinita de Corgan ganhou no novo álbum um novo ingrediente: a política.

Já na capa do CD, uma estátua da liberdade afunda em algo que parece ser um mar de sangue. Corgan (sempre ele) chamou o aclamado artista gráfico Obey Giant e o ilustrador Shepard Fairey para criar o encarte. "Como um grande artista, Shepard domou de forma muito simples conceitos complexos", explica o músico no material de divulgação do álbum.

A clássica mistura de guitarras distorcidas e percussão dá as caras na segunda faixa, "7 Shades of Black", curta e urgente, dando espaço para a melódica "Bleeding the Orchid", construindo, junto com "Doomsday Clock", uma ótima porta de entrada do registro.

Nas próximas faixas, uma certa nostalgia dos álbuns anteriores, principalmente Adore (1998), dá o tom. "That’s the Way (My Love Is)" resgata o discurso amoroso de Corgan de "Perfect" ou "1979". "Tarantula", primeiro single, vai mais longe e lembra as guitarras dos dois primeiros discos da banda, com bom refrão e ritmo. Já na extensa e quase épica "United States", espaço para solos de guitarra e bateria e, nas letras, insatisfação com a política americana. O álbum prossegue correto e ainda reserva algumas surpresas, como "For God And Country", com direito a teclados e vocais de apoio intensos. Billy Corgan e sua (cada vez menor) trupe já tiveram dias melhores. Mas Zeitgeist não faz feio. GGG

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