• Carregando...

Nada de frescobol, futebol de areia ou peteca. Desde 2002, o esporte nacional de verão é o Big Brother Brasil, que a partir de hoje se torna assunto obrigatório em nove entre dez rodinhas de conversa. O reality show global chega à sexta temporada com a tarefa de, no mínimo, igualar o sucesso da edição anterior. Com Jean Wyllys, Graziela Massafera e companhia, o BBB 5 teve a surpreendente média de audiência de 51 pontos. Ou seja: uma missão dificílima, porém não impossível.

Por mais que a fórmula esteja um tanto desgastada, há sempre a edição esperta do programa. E aí reside o grande trunfo da atração. Os acadêmicos podem elocubrar eternamente, sugerindo explicações sociológicas para o êxito da gincana. Mas a resposta para o "enigma Big Brother" está mesmo na linguagem.

Ao transformar os participantes em personagens de uma novelinha e permitir que o espectador interfira nos rumos da "trama", o BBB fisga o público acostumado com a lentidão das novelas. E quem não quer usar seu celular (o brinquedo preferido do brasileiro) para expulsar os mais irritantes da competição? Sem o ritmo ágil e a interatividade, o programa vai do nada a lugar nenhum. Quem já se arriscou a assinar o pay-per-view com acesso total à rotina do confinamento – e 24 horas de tédio absoluto – sabe disso muito bem.

É claro que o elemento humano também conta. O SBT, por exemplo, amarga o fracasso de seu novo reality show, Casamento à Moda Antiga (um Big Brother "romântico"), por causa da escalação desastrosa do elenco – composto por gente feiosa, cafona e sem um pingo de carisma. No BBB é diferente: modelos, personal trainers, atrizes, pitboys e outros aspirantes ao posto de celebridade da hora são escolhidos a dedo e colocados em situações limite. Se surgirem romances, ótimo. Se todos se odiarem, melhor ainda. Porque, no fim das contas, o público só quer dar umas risadas antes de dormir.

Este ano, o bafafá em torno do programa começou bem antes, na internet. Só o site de relacionamentos Orkut conta com um sem-número de comunidades criadas para discutir o BBB 6. Algumas delas são mantidas por parentes dos participantes, que desde já fazem campanha para seus entes queridos junto aos internautas.

E dá-lhe investigações sobre a vida pregressa dos brothers! Mariana e Daniel são amigos de longa data. Juliana foi coelhinha da Playboy. O mesmo Daniel posou nu, ao lado de Daniela Cicarelli, para uma campanha publicitária. Sem contar o caso de Leandro, eliminado antes mesmo da estréia por ter omitido que tinha amizades dentro da Globo.

A maioria dos concorrentes circula pela mídia há algum tempo, fazendo pontas em comerciais, novelas, shows de auditório e ensaios fotográficos. Mesmo os apresentados como advogados ou professores já experimentaram uma rápida aparição aqui e ali. "Do povo" mesmo, só a dupla que será sorteada esta noite, ao vivo, pelo versátil Pedro Bial.

Sobre o apresentador, um aparte. À vontade em sua assumida porção Chacrinha, Bial continua sendo alvo de críticas de alguns colegas da imprensa. Como se ele fosse o culpado por o jornalismo se misturar cada vez mais com o entretenimento. Mas não deixa de ser irônico que, em menos de uma semana, o repórter passe de entrevistador do presidente da República a animador de reality show.

Entre o papo furado de Lula e a superficialidade dos brothers, melhor ficar com o BBB – onde, pelo menos, os indesejáveis voltam para casa mais cedo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]