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Gabriel Manita, Regina Vogue e Maureen Miranda (deitada) durante um ensaio de Regina no Centro da Liça: as memórias da atriz conferem um caráter emocional à peça | Marcelo Elias / Gazeta do Povo
Gabriel Manita, Regina Vogue e Maureen Miranda (deitada) durante um ensaio de Regina no Centro da Liça: as memórias da atriz conferem um caráter emocional à peça| Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo

Com 50 anos de carreira comemorados no ano passado, a atriz e produtora Regina Vogue diz estar vivendo um dos melhores momentos de sua vida. A estreia da peça Regina no Centro da Liça, no dia 16, e o lançamento previsto para setembro do livro No Centro da Liça – Regina Vogue, de Viviane Burger, são a realização de um desejo que a atriz gaúcha "enraizada" em Curitiba diz ter desde criança: queria ter um passado. "Eu escutava minha avó e minhas tias dizendo: ‘Aquela moça caiu em desgraça. Agora tem um passado. Vai ficar falada’. Eu não sabia o que era isso e pensava: ‘Um dia vou ter um passado e vou ficar falada também’", diz.

Brincadeiras à parte, as experiências e lembranças de Regina, incluindo os momentos mais difíceis desde que fugiu da casa dos pais, aos 16 anos, vêm sendo contadas há cerca de dois anos para a produção do livro e viraram roteiro pelas mãos da dramaturga e diretora Jacqueline Daher, que também assina a concepção cênica de Regina no Centro da Liça (confira o serviço completo do espetáculo). Na peça, Regina divide sua personagem com Maureen Miranda, que interpreta a atriz na juventude, e Gabriel Manita, que faz os personagens masculinos. Maurício Vogue, que dirige a peça ao lado de Jacqueline, "aos poucos" foi integrado ao elenco como participação especial.

Memórias

A peça, de acordo com Jacqueline, se desenvolve em linguagens variadas – lembranças contadas, imagética, texto direto, interpretação –, e em constantes diálogos entre o passado e o presente de Regina. "Ela interage com as memórias", explica a diretora. "Todo o texto foi feito a partir da história da Regina, e trabalhei de forma que ela pudesse contar em cena. Os textos são meus, mas com a linguagem da narrativa dela." A montagem ainda conta com interferências de vídeo, incluindo narrações de atrizes amigas de Regina feitas especialmente para a peça.

O resultado é uma peça com forte caráter emocional – o que, para Maurício, é uma consequência da fidelidade do texto à vida de Regina. "Claro que estamos sendo muito cuidadosos com a estética da peça, o cenário, o figurino, a música", diz. "Mas a gente não está se preocupando se está super sentimental, ou piegas. A vida é isso: pieguice. Gostamos de chorar por comercial de margarina, ouvir músicas que lembram alguém. O espetáculo é isso e não temos medo. Quando se assume a verdade, acho que não tem como fugir disso", diz Maurício, que participa de um dos momentos com maior peso emocional para mãe e filho na peça.

Maurício canta em uma citação da peça de pavilhão O Ébrio, inspirada na canção de Vicente Celestino – uma das lembranças afetivas mais fortes para Regina. O teatro de pavilhão é um gênero mais aproximado do circo, que foi o berço artístico da atriz.

Obra em progresso

Os ensaios começaram há cerca de um mês e meio. Tempo suficiente, de acordo com Maurício, já que muitas conversas e reuniões com Regina vêm sendo feitas desde o início do ano. "Era como se tivéssemos um texto pronto e fizéssemos leituras de mesa. Esse texto era a história dela", diz. A experiência com um texto biográfico da atriz não é inédita, nem para Maurício, nem para Jacqueline, que codirigiu com o filho de Regina e escreveu, em 1993, o monólogo Passado... um Sonho, interpretado pela atriz em comemoração a seus 30 anos de carreira. O novo texto é também uma adaptação do monólogo – constante, de acordo com Maurício e Jacqueline, já que Regina continua trazendo novas histórias.

"É como mexer num baú e tirar minhas coisas de lá", diz Regina. O processo tem seus momentos difíceis. "Vou para casa e tenho que me concentrar para tirar tudo da cabeça. Parece que tem fantasmas em cima de mim", diz. Mas ela diz estar fazendo reflexões sobre suas escolhas e descobrindo, por exemplo, que as pessoas são, em geral, boas. O elenco jovem também vem sendo fonte de energia para a atriz. Enquanto Maureen e Manita veem a "dona da história" como um exemplo, Regina diz que os atores a ajudam a dar conta de seu desejo de estar sempre em movimento. "Sempre digo que a arte é a minha vida e o teatro é a minha casa. Tudo isso é uma forma de manter tudo vivo."

Serviço

Regina no Centro da Liça (confira o serviço completo do espetáculo). Teatro Regina Vogue (Shopping Estação – Av. Sete de Setembro, 2.775), (41) 2101-8292. Dia 16, às 21h, e dia 17, às 19h. Quartas-feiras a partir do dia 20 (até setembro), às 21h. Classificação indicativa : 12 anos.Os ingressos custam R$20 e R$10 (meia-entrada) e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro, pelo site www.ingressorapido.com.br ou pelo telefone: 4003-1212.

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