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McKagan no show do Loaded em Curitiba, em 2011: reinvenção | Vitor Augusto/Divulgação
McKagan no show do Loaded em Curitiba, em 2011: reinvenção| Foto: Vitor Augusto/Divulgação
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Livro

É Tão Fácil (e Outras Mentiras)

Duff McKagan. Tradução de Tiago Lyra e Leonardo Villa-Forte. Rocco, 368 págs., R$ 44,50.

Talvez nem o mais fervoroso dos fãs do Guns N’ Roses desse muita importância a Duff McKagan – o baixista junkie, amalucado e beberrão que ajudou a fundar a banda, mas que nela sempre pareceu ofuscado pelo vocalista Axl Rose e pelo guitarrista Slash.

Pois não é que, além do talento na música (ele também toca bateria e guitarra, e canta), Duff se revelou um excelente contador de histórias? Esta é a primeira – e surpreendente – conclusão depois que se lê É Tão Fácil (e Outras Mentiras), a autobiografia do músico norte-americano de 48 anos, lançada no Brasil no fim do ano passado pela editora Rocco.

Graças à excelente tradução de Tiago Lyra e Leonardo Villa-Forte, a leitura flui com facilidade, como se você estivesse ouvindo os "causos" da boca do ex-baixista do Guns N’ Roses – e ele fosse fluente em português.

O mais interessante no livro é o relato maduro e sincero, sem ressentimentos, de como "a banda mais perigosa do mundo" – que começou num beco imundo de Los Angeles em 1985 e chegou a ser a maior do planeta no início dos anos 1990 – se desmilinguiu, até virar uma melancólica caricatura de si mesma – ou de Axl Rose, melhor dizendo.

Com distanciamento e autocrítica, Duff McKagan conta que a "gangue" de cinco amigos que tentaram fazer a primeira turnê de carona e passaram fome juntos, começou a se esfacelar assim que conquistou o sucesso. Se uma boa parte da responsabilidade pela implosão da banda pode ser debitada da conta de Axl Rose – pelos constantes atrasos, a arrogância e o temperamento explosivo –, Duff reconhece a parcela de culpa dos demais integrantes (inclusive ele próprio), que se omitiram e se acovardaram – ou estavam muito ocupados com drogas e bebida –, enquanto o ego do vocalista saía de controle. É uma verdadeira aula de como não administrar uma banda ou qualquer outro negócio.

Como bônus, você ainda fica sabendo do início da carreira de Duff na cena punk rock de Seattle, da gênese do GN’R, da vida de um superastro do rock, das confusões nos shows, do inferno das drogas e do álcool – que o levou a uma experiência de quase morte – e da volta por cima sem "rehab", movida a mountain bike e artes marciais. Além de outras curiosidades, como o fato de a famosa cerveja Duff de Os Simpsons ter sido batizada em homenagem ao músico, e de ele ter sido uma das últimas pessoas a falar com o conterrâneo Kurt Cobain antes da morte dele. Em resumo: É Tão Fácil é uma leitura agradável e envolvente, mesmo para quem não gosta de rock.

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