• Carregando...

Na década de 60, o Guaírão ainda estava sendo construído, mas do seu interior já saíam sons dignos de uma orquestra contemporânea. "Era martelada para lá, barulho de serrotes para cá", lembra Fernando Cunha, de 66 anos, que como funcionário vivenciou quase toda a história do teatro. Hoje, não há mais obras a serem finalizadas no prédio em frente à Praça Santos Andrade, mas o barulho incessante das ferramentas dos funcionários ainda é a "música" que mais ecoa no interior deste labirinto de 17 mil metros quadrados.

Vassouradas, marteladas, testes de som e arrastar de objetos de cena são apenas parte da rotina de ruídos produzida por um "corpo" formado por quase 300 funcionários – 242 estatutários e cerca de 40 com cargo de comissão ou terceirizados. Sem o trabalho de formiguinhas que executam dia e noite, o público curitibano não teria a chance de ver nos quatro palcos do Teatro Guaíra uma média de 80 apresentações mensais.

"Somos os primeiros a chegar e os últimos a sair", conta Cleverson Cavalheiro, chefe do setor técnico. Ele entrou para o mundo artístico pela porta da frente. Formado em Artes Cênicas, chegou a atuar por um curto período. Mas não demorou para descobrir que preferia o trabalho invisível da retaguarda. "O trabalho técnico é um exercício de generosidade, pois é o desejo de deixar tudo pronto para o outro", conta.

De vez em quando, Cavalheiro dirige uma ou outra montagem teatral, apenas como um "exercício" que o ajuda no dia-a-dia de seu trabalho. "Muitas pessoas de nossa equipe são criadoras, o que aumenta a sintonia com o artista", conta.

É preciso ter "muque" para ser técnico de um espetáculo. Prova disso são os profissionais da área contratados pelo Teatro Guaíra: são 40 ao todo, em sua maioria homens – à exceção das camareiras e costureiras. Entre outras tarefas, os iluminadores, cenotécnicos e contra-regras precisam carregar peso e subir em andaimes. Mas, dizer que um técnico é bronco é cometer uma grande indelicadeza. "Nossa equipe é formada por artistas que optaram pelo lado técnico", diz Cavalheiro. A sensibilidade destes profissionais revela-se à noite, quando todo o esforço é mostrado ao público.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]