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Autores e obras

Entre os novos autores, podem ser citados: Roger-Pol Droit, que transcreveu uma conversa que teve com a filha de 16 anos em Filosofia Explicada à Minha Filha (Martins Fontes); André de Comte-Sponville, autor de uma introdução interessante em A Filosofia (Martins Fontes); e Nicholas Fearn, que lançou pela Jorge Zahar os livros Aprendendo a Filosofar em 25 Lições e Filosofia – Novas Respostas para Antigas Questões.

Luc Ferry, além de Aprender a Viver (Objetiva), tem publicado no Brasil O Que É uma Vida Bem-Sucedida e O Homem-Deus ou o Sentido da Vida, ambos pela Difel.

De Alain de Botton, é possível encontrar vários títulos, inclusive A Arte de Viajar, Nos Mínimos Detalhes e O Movimento Romântico, todos pela Rocco.

Se precisar de um roteiro para os clássicos, experimente começar por Platão, Aristóteles, Descartes, Kant, Voltaire e Rousseau, ou por aquele com quem simpatizar mais.

Prestes a dormir, exausto depois de um dia daqueles, ansioso para descansar e, sem qualquer razão óbvia, você é fulminado por um incômodo e insistente "Por quê?".

Não um porquê trivial, do tipo que questiona a falta de vontade de ir trabalhar numa segunda-feira (a resposta é preguiça), mas um porquê quase épico, capaz de questionar tudo de uma vez só.

Quando esse desconforto acontece de vez em quando – e ele costuma vir à noite –, o normal é olhar para o outro lado e fingir que não é nada. Amanhã passa. O problema é se, no dia seguinte, ele continua lá, martelando sua consciência.

"Por quê?"

Daí quais são suas opções?

Para grandes perguntas, se costuma apelar à igreja, ao consultório do analista ou à mesa do bar. Você estranharia se, nessa lista, aparecesse a filosofia?

A julgar pela atenção dada por um número crescente de pessoas aos profissionais da área, sim, o chamado "aconselhamento filosófico" pode conquistar questionadores insônes ou não. A filosofia está de volta.

Livros que tratam do tema estão entre os mais vendidos no Brasil. Nas bancas, existem pelo menos três revistas dedicadas ao assunto. O Fantástico, uma das produções mais assistidas no canal de televisão com a maior audiência do país criou um quadro voltado à filosofia. Na tevê paga, um programa de debates, o Saia Justa tem uma filósofa entre suas participantes, junto de duas atrizes e de uma comentarista esportiva.

"A quase totalidade de nossos pensamentos, de nossas convicções, e também de nossos valores, se inscreve, sem que o saibamos, nas grandes visões do mundo já elaboradas e estruturadas ao longo da história das idéias", explica Luc Ferry, filósofo francês e ex-ministro da Educação na França.

Durante suas férias, Ferry improvisou um curso de filosofia para pais e filhos, disposto apenas a entreter seus amigos. Ao evitar palavras complexas, citações difíceis e teorias herméticas, ele viu que tinha algo interessante nas mãos. Algo que ninguém havia feito antes e que acabou virando um livro.

Aprender a Viver, de acordo com a editora Objetiva, já vendeu mais de 16 mil exemplares – uma proeza para livros de qualquer gênero e algo impensável para uma obra que fala, entre outras coisas, do humanismo e da desconstrução na filosofia.

E Ferry não está só. O suíço Alain de Botton e o canadense Lou Marinoff fazem parte dessa nova onda filosófica. O primeiro enquadra grandes questões (e algumas respostas) em formas simpáticas, como a do romance Ensaios de Amor. Seu próximo livro a ser lançado no Brasil em julho pela Rocco tem o título sugestivo de Arquitetura da Felicidade. O segundo é o célebre autor de Mais Platão, Menos Prozac e Pergunte a Platão, ambos editados pela Record. "Todo mundo faz ainda mais perguntas em épocas de dificuldades e tribulações; quanto mais difícil a situação, mais abrangentes as questões", escreve Marinoff, autor que diz, sem rodeios, que a filosofia pode mudar a vida de qualquer um – na condição de "terapia para quem não precisa de terapia".

A lista de autores que tentam dar leveza a temas árduos é extensa e poderia incluir Nicholas Fearn (Novas Respostas para Antigas Questões), Roger-Pol Droit (A Filosofia Explicada à Minha Filha), André Comte-Sponville (A Filosofia) e Lars Svendsen (A Filosofia do Tédio, confira entrevista na página 2). O Brasil tem o professor Danilo Marcondes (Textos Básicos de Filosofia), enquanto, em Curitiba, docentes da Universidade Federal do Paraná lançaram há pouco Seis Filósofos na Sala de Aula.

Televisão e mais

O Fantástico, da Rede Globo, criou o quadro "Ser ou Não Ser", em que a filósofa Viviane Mosé discute problemas que vão da educação no Brasil até a idéia da arte como algo essencial "porque é capaz de transformar sofrimento em alegria". No percurso, ela chega a falar de Espinosa e Bertrand Russell – temas do blog que mantém ligado ao site do programa.

No canal GNT, da tevê paga, a filósofa Márcia Tiburi, autora dos livros Mulher de Costas e Magnólia, participa do programa de debates Saia Justa, ao lado da comentarista esportiva Soninha, da jornalista Mônica Waldvogel e das atrizes Betty Lago e Maitê Proença.

A filosofia tem ainda um pé nas bancas de revistas em títulos como Discutindo a Filosofia, Mente & Cérebro e Ciência & Vida.

É um bocado de esforço para responder por quê.

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