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Peça E Se Fosse Você... traz às crianças um experimento teatral singular | Ana Gobbi/Divulgação
Peça E Se Fosse Você... traz às crianças um experimento teatral singular| Foto: Ana Gobbi/Divulgação

Serviço

E Se Fosse Você...

Espaço Excêntrico Mauro Zanatta (R. Lamenha Lins, 1.429 – Centro) (41) 3322-6644. Sexta-feira a domingo, às 16h e às 19 horas. O valor do ingresso fica a critério do espectador. Até 9 de novembro. Classificação indicativa: livre.

Duas crianças olham com atenção a máquina de algodão doce que recepciona o público antes da estreia de E Se Fosse Você..., em cartaz no Espaço Excêntrico Mauro Zanatta. O menino mais novo, de três anos, pergunta ao pai, após receber sua cota edulcorada: "É mágica?". O pai sorri. "E por que não tem cor, pai?". É que não tem corante, responde a produtora Isadora Terra. E é esta combinação de elementos do imaginário infantil com alguns sustos cotidianos que compõe o bom espetáculo da companhia Uma (Certa) Experiência Cênica, em cartaz até 9 de novembro.

Uma coisa é fato: as crianças se divertiram à beça, apesar da loucurada toda. Ou talvez por isso. E definir um roteiro que flerta com o onírico o tempo todo não é tarefa fácil. O núcleo, por assim dizer, gira em torno de três personagens sem nomes que buscam discutir por que um deles é incapaz de sorrir – o processo é ainda mais pitoresco: a diretora sorteia, antes do início da peça, quem vai interpretar o quê. Em meio aos questionamentos sobre a vida e o mundo, dois territórios narrativos: um "real", onde se discutem os temas, e um plano de sonho, onde a linguagem corporal predomina e se desconstroem as dúvidas por meios de recursos visuais.

Enquanto um dos atores tocava escaleta – e quem não toca escaleta atualmente no meio cultural? –, uma criança perguntava: "Quando vai começar?". Ao final, ela se retificou: "Não queria que tivesse acabado..." E a dualidade é bem entendível. E Se Fosse... exige um pacto de aceitação que demora um pouco a se consolidar. "Nós buscamos a construção de caminhos dramatúrgicos que envolvam o espectador, rompam com a linearidade e promovam uma estrutura aberta. Damos muito espaço ao improviso", afirma a diretora Talita Neves. "Há muito tempo me interesso por estudar linguagem experimental para crianças".

A peça garante-se bem muito por conta do que carrega de lúdica e espontânea. A interação das crianças com os atores, em certos momentos, chegou a ser comovente. Ao final, quando acontece a redenção do personagem que não ri, em que o teatro está escuro, apenas com duas trilhas vermelhas de pisca-piscas no chão, um silêncio quase completo, uma criança pergunta: "É cinema?" Pode ser também.

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