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Os planos para exibir em estações de trem de toda a Alemanha uma exposição sobre a deportação ferroviária de crianças judias para Auschwitz provocou uma acirrada polêmica entre os organizadores e a empresa de trens do país.

Serge e Beate Klarsfeld, que dedicaram suas vidas a localizar ex-nazistas e levá-los à Justiça, querem que a empresa Deutsche Bahn, sucessora da Reichsbahn, que operava os trens alemães do regime nazista (1933-45), exiba nas suas estações fotos de vítimas do Holocausto.

"Queremos mostrar a relação entre as crianças e as estações, que essas crianças foram capturadas e mandadas de trem para a morte em Auschwitz", disse Beate Klarsfeld por telefone à Reuters, de Paris.

A exposição consistiria de 180 fotos de crianças judias da Alemanha e da Áustria, que estavam entre as cerca de 11 mil deportadas de trem da França durante o Holocausto, que levou à morte cerca de 6 milhões de judeus.

Os deportados passaram por estações da Alemanha durante o trajeto até o campo de extermínio no sul da Polônia.

O presidente-executivo da Deutsche Bahn, Hartmut Mehdorn, resistiu à pressão para expor as fotos nas plataformas, argumentando que o museu da própria empresa, em Nuremberg, seria mais adequado.

"Temos uma boa exposição e estamos prontos para mostrá-la em outros lugares que não Nuremberg", disse Mehdorn ao jornal Die Welt. "Porém, não queremos mostrá-la em estações e plataformas ferroviárias. O assunto é sério demais para que as pessoas entrem nele enquanto mastigam seu pão a caminho de apanhar o trem."

O ministro do Transportes, Wolfgang Tiefensee, disse na quarta-feira que a Deutsche Bahn não deve dar a impressão de que pretende sepultar o assunto. A empresa vem tendo atritos com o governo devido a planos para sua privatização.

"O nacional-socialismo era uma ditadura apoiada por atividades cotidianas", disse Tiefensee ao jornal Sueddeutsche Zeitung, argumentando em prol da exposição nas plataformas.

A política social-democrata Monika Giefahn pediu a Mehdorn e à Deutsche Bahn que abandonem sua "resistência historicamente injustificada e amoral à exibição".

Mehdorn disse ao Die Welt que a empresa se preocupa com o passado e que os Klarsfeld estavam mais preocupados em criar um escândalo do que em revelar a deportação das crianças.

Beate Klarsfeld rejeitou as preocupações da Deutsche Bahn de que a exibição poderia provocar problemas com militantes de direita. Ela lembrou da bem-sucedida exposição itinerante de fotos de crianças francesas, apresentada entre 2000 e 2004 em 18 estações ferroviárias da França.

"O importante é que atingimos umas 100 mil pessoas que estavam se preparando para pegar um trem, tinham alguns minutos livres e foram atraídas para essa exposição", disse ela. "Foi eficaz, já que era inesperado."

Leia mais: Reuters/O Globo Online

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