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Cena do filme "Família Braz - Dois Tempos" | Divulgação
Cena do filme "Família Braz - Dois Tempos"| Foto: Divulgação

Grande vencedor do Festival É Tudo Verdade de 2011, Família Braz - Dois tempos (veja horários das sessões; atenção à data de validade da programação em cinza) faz uma radiografia de uma classe social em ascensão no Brasil.

Os diretores Arthur Fontes e Dorrit Harazin voltam à Brasilândia - bairro de periferia da cidade de São Paulo - e reencontram os personagens de um documentário feito ali mesmo, dez anos atrás, A Família Braz.

O filme é a ilustração e a prova concreta de um termo tão em evidência no país: a nova classe média. Os Braz - formados por Seu Toninho e Dona Maria, os filhos Anderson, Denise, Gisele e Éder - tinham seu mundo povoado por sonhos, aspirações e metas quando foi realizado o primeiro documentário. Agora, o novo filme atualiza o retrato.

Para pontuar a comparação, Fontes e Dorrit alternam cenas do primeiro documentário - aqui mostradas em preto-e-branco - e as imagens feitas no final de 2009, começo de 2010, com essas pessoas.

Vemos sonhos concretizados, carreiras alavancadas e um notável aumento do poder aquisitivo, com direito a aquisição de bens de consumo antes impensáveis, como notebooks, celulares e até um carro que cada filho comprou para si.

Os documentaristas nunca tomam os Braz como a parte pelo todo. O filme, como fica bem claro, é um estudo de caso, mas que, ao mesmo tempo, serve como reflexo de muitas outras famílias na mesma condição. A ascensão econômica dos retratados é resultado da estabilidade econômica do Brasil.

É com muita delicadeza e sagacidade que Dorrit conduz as entrevistas e Fontes, a câmera - mas a troca entre os dois é tão simbiótica que é difícil dizer quem é responsável pelo que. Mas isso também não é tão importante. O que conta é aquilo que a dupla é capaz de extrair de seus entrevistados. E não é pouca coisa. Entramos na casa dessa família e saímos de lá como se conhecêssemos essas pessoas há anos. Isso é mérito dos cineastas.

Os filhos são o retrato da ascensão, todos empregados, recebendo salário, investindo e consumindo. A nenhum deles faltam objetivos. Denise parece ser a mais pragmática, chegando a fazer uma lista de metas que tenta cumprir durante o ano. Todos nessa família são figuras interessantes e carismáticas e os diretores souberam captar isso com a câmera e deixar fluir na montagem.

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