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Com sua foto presente em pôsteres de bandas de rock, bonés de beisebol e lingerie feminina, o revolucionário marxista Che Guevara já foi absorvido pela sociedade capitalista de consumo que ele morreu tentando derrotar.

A imagem do guerrilheiro argentino com olhar distante, de cabelos longos debaixo de uma boina com uma estrela, já virou ícone popular onipresente do século 20.

A foto foi feita por um fotógrafo cubano em 1960 e impressa em cartazes por um editor italiano após a execução de Guevara na Bolívia, sete anos mais tarde. Ela despertou a imaginação dos estudantes parisienses que se revoltaram nas ruas em maio de 1968 e virou símbolo da revolta idealista de toda uma geração.

Além de ser uma das fotos mais reproduzidas do mundo, a imagem de Che se tornou uma das mais usadas em publicidade de produtos dos mais variados, e a família do guerrilheiro resolveu fazer um esforço para pôr fim a isso.

Ela pretende mover ações judiciais em vários países contra empresas que estariam explorando a imagem de Che. Advogados em vários países já se ofereceram para ajudar.

Em entrevista, a viúva cubana de Guevara, Aleida March, explicou: "Não podemos atacar a todo o mundo com lanças, como Dom Quixote, mas podemos tentar conservar a ética" do legado de Che.

A viúva, que comanda o esforço desde o Centro de Estudos Che Guevara, que será aberto em Havana este ano, disse que o centro pretende restringir o uso descontrolado da imagem de Che.

- Será um trabalho caro e difícil, porque cada país tem suas leis diferentes, mas é preciso impor limites - disse à Reuters a filha do lendário guerrilheiro, Aleida Guevara.

A Swatch já usou a imagem de Guevara num relógio de pulso, e o rosto de Che é usado para vender vodca. A supermodelo Gisele Bundchen chegou a desfilar um biquíni da grife Cia. Marítima com o rosto de Che estampado.

Mas uma ação bem-sucedida contra a vodca Smirnoff na Grã-Bretanha em 2000 lançou o precedente das ações judiciais, determinando a propriedade da imagem fotográfica.

A foto mundialmente famosa foi feita pelo fotógrafo de moda Alberto Diaz, mais conhecido como Korda, no funeral de vítimas da explosão de um cargueiro francês que levava armas a Cuba, um ano após a vitória da revolução cubana liderada por Fidel Castro, com a ajuda de Che Guevara.

A foto de grupo feita por Korda não foi publicada por seu jornal no dia seguinte. Sete anos mais tarde, quando o editor italiano Giangiacomo Feltrinelli apareceu procurando uma foto para a capa de uma ediao do "Diário boliviano" de Che, Korda lhe deu duas cópias da foto de graça.

Che Guevara foi capturado seis meses depois na selva boliviana, após o fracasso de sua tentativa de deslanchar uma revolta camponesa armada nesse país.

Ao ouvir a notícia de sua morte, Feltrinelli cortou a foto e publicou pôsteres grandes, que em pouco tempo haviam vendido 1 milhão de cópias.

O guerrilheiro foi transformado em mártir, celebridade pop e ícone radical. Korda disse que nunca recebeu um centavo de Feltrinelli.

A febre em torno de Che Guevara foi intensificada no ano passado pelo filme "Diários de motocicleta", de Walter Salles, sobre a viagem pela América do Sul feita por Che quando ele era um jovem estudante de medicina.

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