Faroeste dos Coen inaugura a Berlinale

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BERLIM - Bravura Indômita , faroeste de Joel e Ethan Coen (de Onde os Fracos Não Têm Vez), que estreia sexta-feira no Brasil, dá início amanhã ao 61.º Festival de Berlim. Ao comentar a escolha do filme, Dieter Kosslick, diretor do evento, lembrou que os irmãos diretores são nomes do primeiro time do cinema norte-americano contemporâneo. "Com o seu talento para a ironia, personagens fora de esquadro e histórias que repetidamente vem cativando audiências, o filme é uma forma fantástica de dar partida à Berlinale", ressaltou.

A produção, indicada a dez Oscars, é um western dramático com um grande elenco. Nova leitura do clássico homônimo, dirigido em 1969 por Henry Hathaway, Bravura Indômita é a história de Mattie (Hailee Steinfeld), uma jovem de 14 anos que quer encontrar o homem que assassinou seu pai. Como as autoridades se negam a ajudá-la, ela contrata o xerife Rooster Cogburn, (interpretado por Jeff Bridges e por John Wayne no original), que, junto a ela e o Texas Ranger LaBoeuf (Matt Damon) saem nas pegadas do assassino (Josh Brolin).

Competição

Na mostra competitiva, a mais importante da Berlinale, com 22 longas – dos quais 16 concorrem ao Urso de Ouro – se destacam: Coriolanus, estréia na direção do ator galês Ralph Fiennes (de O Paciente Inglês); Pina, musical em 3D de Wim Wenders; o estranho The Turin Horse, do húngaro Béla Tarr; e o independente The Future, de Miranda July.

Kosslick ressaltou que a Berlinale estreitou a cooperação com o Festival de Sundance, não apenas no Mercado de Filmes Europeus, mas também no programa oficial do evento alemão. "Vamos mostrar filmes independentes numa escala significativa e abrir a competição com a extraordinária coprodução Alemanha/Estados Unidos de Miranda July, já exibida em Park City [cidade onde acontece Sundance], mas fora de concurso."

A América Latina está representada por El Premio, da roteirista e estreante em longas-metragens Paula Markovitch (México); e Un Mundo Misterioso, de Rodrigo Moreno, (Argentina).

Pela primeira vez, o festival terá sessões de filmes em 3D. Além do filme de Wenders serão exibidos nesse formato Les Contes de la Nuit (Os Contos da Noite, em tradução livre), do francês Michel Ocelot, e a première européia de Cave of Forgotten Dreams (Caverna dos Sonhos Esquecidos), documentário do alemão Werner Herzog, sobre pinturas pré-históricas francesas.

O júri, presidido pela atriz italiana Isabella Rossellini, tem como convidado especial o cineasta iraniano Jafar Panahi, que no momento está preso em seu país.

Numa forma de protesto e homenagem ao diretor, seu lugar no júri ficará vago e serão exibidos cinco de seus trabalhos em diferentes mostras: na Oficial, Offside (Urso de Prata em 2006); O Círculo (2000) na Panorama; Crimson Gold (Ouro Avermelhado) (2003), na Fórum; O Balão Branco (1995), na Generation; e Untying the Knot (Desatando o Nó), na mostra de curtas-metragens.

Brasileiros

Fora da mostra oficial, o Brasil será representado por Tropa de Elite 2, de José Padilha, que concorre ao prêmio de audiência na Panorama. O diretor está na Berlinale pela terceira vez. Após ganhar, em 2008, o Urso de Ouro com Tropa de Elite, ele esteve na Panorama ano passado com Garapa.

Satisfeito com o retorno a Berlim, Padilha disse à Gazeta do Povo que, apesar das diferenças, ambos os filmes abordam problemas reais que buscam a reflexão e o debate pela sociedade.

"Em Tropa de Elite, eu quis falar sob a perspectiva do policial. Em Tropa de Elite 2, situamos a ação na interface entre a polícia e a política", explica o cineasta, que também estará em Berlim como instrutor do Talent Campus, projeto de treinamento abrangendo várias áreas do cinema para jovens do mundo todo.

O Brasil marca presença ainda em outras duas paralelas: na mostra Fórum, com Os Residentes, de Tiago Mata Machado, história incomum de personagens trancafiados numa casa abandonada; e, na Generation Kplus, voltada a curtas-metragens, com Ensolarado, de Ricardo Targino, sobre uma família e o gesto de dizer adeus sob um sol escaldante.

Panorama

Criada em 1970 para complementar a mostra oficial e com vida própria a partir de 1985, a Panorama – que tem a característica de exibir filmes de cunho social e qualidade artística – traz uma diversificada seleção com títulos da Europa, Estados Unidos, América Latina e Ásia.

Além de Tropa de Elite 2, outros destaques são Devil’s Double, de Lee Tamahori (Bélgica); Mothers, do macedônio Milcho Manchevski; e Life in a Day, projeto coletivo global filmado num único dia (24 de julho de 2010), dirigido por Kevin MacDonald e produzido por Ridle Scott.

Homenagens

O Discurso do Rei, recordista de indicações ao Oscar 2011, concorrendo ao prêmio em 12 categorias, terá seu lançamento na Alemanha na Berlinale Special, que também traz como destaque Sing Your Song, de Susanne Rostock. Vindo do último Sundance, onde fez muito sucesso, o documentário foca a contribuição do cantor, ator e ativista Harry Belafonte na luta pelos direitos civis e justiça social.

O consagrado diretor italiano Mario Monicelli, falecido em novembro do ano passado, será homenageado com uma sessão In Memorian de Il Marchese del Grillo, que lhe deu o Urso de Prata de melhor diretor em 1982.

A tradicional retrospectiva apresentará a obra completa de Ingmar Bergman. Ao lado dos seus trabalhos mais conhecidos, como Morangos Silvestres – que lhe deu o Urso de Ouro, em 1958 –, Cenas de um Casamento, Persona e Gritos e Sussurros, a mostra focará também na redescoberta de trabalhos pouco vistos, como seus roteiros escritos para o diretor Alf Sjoberg, Frenzy, Torment e Hets.