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O ator, dramaturgo e cineasta carioca Domingos Oliveira decidiu retratar algumas das tensões do Brasil dos anos 1950 pré-queda de Getúlio Vargas por meio de um drama familiar, histórico e até autobiográfico.

O longa-metragem "Infância", exibido na noite da última quinta-feira no 42º Festival de Cinema de Gramado, faz um recorte histriônico da alta sociedade brasileira da época, que já vislumbrava sua eminente decadência.

O filme narra um dia na vida de Rodriguinho (Raul Guaraná), num casarão de Botafogo, no Rio de Janeiro. O garoto, estudioso e sério demais para sua idade, é filho de Conceição (Priscila Rozenbaum) e neto da viúva Dona Mocinha (Fernanda Montenegro, estupenda), a matriarca de uma família degringolada: seu pai, Henrique (Paulo Betti), um trabalhador que nunca se sentiu parte da família; e o tio Orlando (Ricardo Kosovski), bêbado contumaz e pai de Ricardo, uma espécie de garoto-enxaqueca do passado.

A família entra em parafuso quando Dona Mocinha descobre que Henrique vendeu, sem permissão, dois terrenos da severa senhora. No mesmo dia, a cachorra de Rodriguinho morre ao comer bolotas de naftalina – lições da infância. Tudo isso acontece na expectativa do discurso de Carlos Lacerda (1914-1977), maior oposicionista da campanha de Getúlio Vargas (1882-1954) à presidência, em 1950. Ouvir Lacerda falar na Rádio Globo é o momento de maior "alegria" da solitária matriarca. Uma só locação, inúmeros planos-sequência e diálogos incessantes fazem de "Infância" uma obra intensa, quase cansativa. Fernanda Montenegro carrega o filme o tempo todo e parece salvá-lo de um destino mais cruel, assim como o daquela família brasileira feita de aparências, bonitinha por fora, mas corroída por dentro. Rodriguinho, a trancos e barrancos, aprende tudo isso. GGG

*O jornalista viajou a convite da Oi

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