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Na próxima quarta-feira (29), o jornalista e escritor Fernando Morais, autor de "Olga" e "Chatô – O Rei do Brasil", será o convidado de mais uma edição do Sempre Um Papo, no Teatro da Caixa, no lançamento do livro "Montenegro – As aventuras do marechal que fez a revolução nos céus do Brasil". O livro traz a biografia de uma das figuras mais importantes para a nossa aviação: o marechal Casimiro Montenegro.

Quebrar resistências foi uma marca da vida do marechal Casimiro Montenegro. Em 1930, militante do Tenentismo, Montenegro apoderou-se de um caça no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, e voou para Minas Gerais onde bombardeou quartéis de Juiz de Fora e Belo Horizonte, ainda leais a Washington Luiz.

Aos 95 anos Casimiro Montenegro Filho costumava dizer que façanhas como essas "qualquer tropeiro faria". O feito de que verdadeiramente se orgulhava era mesmo a criação do ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Mas construir no Brasil uma instituição inspirada no célebre MIT (Massachussets Institute of Technology, dos Estados Unidos) iria custar a Montenegro inúmeras outras batalhas. As dificuldades eram compreensíveis. Em uma época em que ainda importávamos bicicletas e vasos sanitários, Montenegro defendia que o Brasil se convertesse em potência aeronáutica mundial – profecia que ele viveria para ver materializada na Embraer, empresa nascida de uma costela do ITA.

Entre a criação do ITA, em 1945, e o golpe militar de 1964, a vida de Montenegro se transformou numa sucessão de batalhas e de alianças com brigadeiros, marechais, ministros e até com presidentes da República. Só mesmo a obstinação de alguém que havia decidido construir seu sonho a qualquer custo permitiu que o ITA chegasse ao século XXI como um dos mais respeitados centros mundiais de produção de conhecimento tecnológico.

Registro

O livro retrata não apenas o herói, mas sobretudo o ser humano Casimiro Montenegro. Fernando Morais revela em detalhes a relação dele com o patrono da FAB, Eduardo Gomes. Amigos desde antes das trincheiras getulistas de 1930, Montenegro e Eduardo Gomes foram companheiros no Correio Aéreo, ambos assinaram o "Manifesto dos Brigadeiros" contra Vargas, em agosto de 1954, e permaneceram do mesmo lado na chamada "Novembrada" de 1955, quando se tentou impedir a posse do presidente Juscelino Kubitschek. Cogitado para ser ministro da Aeronáutica de JK, recusou previamente o convite "para não magoar o Eduardo".

A divergência de opinião a respeito do papel do ITA, no entanto, produziria o que décadas de conspirações não conseguiram: sepultar a relação entre os dois. Para Montenegro, o Instituto deveria ser um celeiro de cérebros para a sociedade, como um todo. Eduardo Gomes discordava e defendia que o ITA se convertesse em um centro técnico de apoio e manutenção da FAB. Eduardo Gomes era mais forte, mas Montenegro ganhou a parada. O ITA venceu.

O Marechal Montenegro faleceu em 2000, em Petrópolis (RJ), e apesar de não ter morrido em combate nem ter sido ministro, teve um enterro com honras militares. Seu caixão – sepultado ao lado do de Eduardo Gomes - foi conduzido por seis alunos do ITA – três militares e três civis. Teria sido sua última mensagem: civis e militares, lado a lado.

Autor, entre outros livros, de "Na toca dos leões", "Olga", "A ilha", "Chatô" e "Corações sujos" (Prêmio Jabuti de melhor livro de não-ficção de 2001), Fernando Morais nasceu em Mariana, Minas Gerais, em 1946. Jornalista, trabalhou no Jornal da Tarde, na revista Veja e em vários outros veículos. Por suas reportagens, recebeu três vezes o prêmio Esso e quatro vezes o prêmio Abril de jornalismo. Foi deputado e secretário estadual da Cultura e da Educação de São Paulo. Atualmente escreve para a editora Planeta a biografia de Paulo Coelho. Este é o seu oitavo livro.

O Sempre Um Papo tem entrada franca, e acontece numa realização da Caixa Econômica Federal que conta com os apoios das Livrarias Curitiba e dos Hotéis Mabu.

Serviço: Fernando Morais lança o livro "Montenegro – As aventuras do marechal que fez a revolução nos céus do Brasil" - Sempre um papo. Quarta-feira (29) às 19h30. Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280) Tel.: 2118-5233. Entrada franca.

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