
Depois de passar os últimos 36 anos produzindo e atuando em peças de teatro, João Luiz Fiani completou seis meses do outro lado do balcão. Nomeado secretário da Cultura em julho, ele está otimista sobre o que a virada de ano trará para a gestão pública.
Não estou aqui para fazer meu teatro, e sim para atender a demanda da cultura. Sei onde o calo aperta.
Ele projeta trabalhar com um orçamento 50% maior do que coube à pasta neste ano – boa parte “contingenciada” pelas medidas de austeridade do governo.
Se em 2015 foram R$ 116 milhões, se esperam cerca de R$ 50 milhões a mais. O pedido foi incluído na Lei Orçamentária Anual, que será votada pela Assembleia Legislativa. “Ainda pode mudar, mas de qualquer forma o cenário será melhor. Agora temos que fazer a coisa certa. A demanda é gigantesca. Temos que dar um passo de cada vez”, pondera.
Fiani já sabe o que quer fazer em 2016. Para ele, a função da secretaria é menos a de fomentar produções de bens culturais e mais a de fazer circular no estado o que já foi produzido com recursos públicos das leis de incentivo municipais.
“Nosso foco será dar visibilidade aos artistas. A meta é que 80% dos gastos sejam para fazer os bens circularem e levar pelo menos alguma ação cultural a cada um dos 399 municípios”, projeta.
Outro avanço previsto é a aprovação do Plano Estadual de Cultura, requisito para que o estado se adeque ao Sistema Nacional de Cultura, algo que para Fiani vai transformar o setor. “Quando assumi, vi que esta era a maior demanda da classe artística.”
O plano conta com participação popular e foi entregue à secretaria de planejamento para ser incorporado a legislação estadual. Fiani explica que além de ser uma exigência legal, todos os estados e municípios tem que aderir –fazer parte do sistema federal vai permitir mais agilidade nas transferências de recursos da União para programas em parceria. “Funciona como o plano diretor para as cidades”, compara. “Mas ao contrário do que possa parecer, não amarra o poder executivo e faz com que a sociedade civil possa cobrar melhor os governantes”, conclui.
Preconceito
A secretaria tem outros planos específicos e alguns deles têm o pragmatismo que marcou a carreira teatral do atual secretário, que por vezes foi tratado com “preconceito”. “Optei por uma linguagem mais popular. Acharam que ia trazer este viés para a secretaria. Não estou aqui para fazer meu teatro, e sim para atender a demanda da cultura. Sei onde o calo aperta”.



