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Os atores Ranieri Gonzalez e Simone Spoladore estão em Curitiba desde a quarta-feira cuidando dos últimos praparativos para a estréia de Apenas o Fim do Mundo. A peça, inédita no Brasil, é escrita pelo dramaturgo Jean-Luc Lagrace e abre tamporada hoje, às 20h30, no Teatro José Maria Santos. Será uma oportunidade um tanto rara para ver de perto o trabalho de dois talentosos atores curitibanos, hoje radicados no Rio de Janeiro.

O espetáculo, dirigido por Márcio Abreu, fala de ausência, morte e amor. Ranieri Gonzales, no papel principal, interpreta Luiz, um homem que descobre que vai morrer. É um personagem condenado por sua doença que retoma, na memória, todas as fases de sua vida, enquanto se dá conta da morte anunciada. Ele terá de revelar seu destino à família. "Toda a peça se passa durante um domingo, mas, como o próprio autor indica, o tempo é, também, o da memória do personagem", comenta Abreu.

O diretor conta que se interessou no espetáculo em função do trabalho prévio que desenvolveu em Suíte 1, do dramaturgo francês Philippe Minyana. "Os dois autores têm uma relação com a forma da escrita muito parecida. É tão importante a forma como se escreve quanto o conteúdo. Se você me perguntar sobre o que é a peça, eu te diria que é o argumento, mas, também, que a maneira como se conta a história é o tema", explica o diretor. Essa qualidade exigiu cuidado e pesquisa intensa por parte dos atores, para preservar o texto, tolhido de "repetições, reiterações e respirações". A direção buscou ressaltar o trabalho do ator e seu trato com a palavra. "Passamos por um longo processo de compreensão dessas estruturas, fazendo leituras e exercícios de enunciação, além de levantar uma série de questões ligadas à palavra", explica o diretor.

Simone Spoladore, que interpreta a irmã do personagem principal, confirma que o trabalho foi alvo de pesquisa intensa. "Começamos lendo o texto, nos identificando com as situações de família que envolvem a perda, o amor e a incomunicabilidade. A idéia de a gente tentar falar e não ser entendido pelo outro, até mesmo dentro da família", lembra.

Foram pesquisados textos de dramaturgos similares e vistos filmes, como Os Incompreendidos, de François Truffaut, e Os Excêntricos Tenenbaums, de Wes Andersen. O estudo permitiu que os atores construíssem um distanciamento em relação ao texto, para depois, nos últimos ensaios, acontecesse uma reaproximação do conteúdo. "Agora ele tem mais humor, mais leveza. Tudo isso porque a gente se dedicou a esmiuçar cada palavra, o estar em cena, a relação com o outro, escutar", diz Spoladore. O elenco conta ainda com Rodrigo Ferrarini, Christiane de Macedo e Giovana Soar.

O uso de outros efeitos cênicos passa pelo prisma do ator. É constituído de alguns móveis e objetos de uma casa, e de uma marca no chão. No som, há intervenções realizadas ao vivo por Edith de Camargo, integrante do conjunto Wandula, ao piano. A peça é inédita no Brasil e foi escrita em 1990 pelo dramaturgo contemporâneo francês Jean-Luc Lagrace, morto em 1995. A tradução é de Giovana Soar, que também interpreta a personagem Catarina.

Serviço: Apenas o Fim do Mundo. Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655), (41) 3322-7150. Hoje e amanhã, às 20h30; domingo, às 19 horas. R$ 15 e R$ 7,50 (meia). Até 25 de junho.

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