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Renato Prieto vive o médico André Luiz: tom institucional | Divulgação
Renato Prieto vive o médico André Luiz: tom institucional| Foto: Divulgação

Adaptar um título importante da literatura espírita, escrito pelo médium mais querido do país, não deve ser tarefa fácil. Para complicar, a obra em questão é Nosso Lar (veja trailer, fotos e horários das sessões do filme), livro que Chico Xavier (1910-2002) psicografou e o espírito André Luiz ditou sobre uma cidade imaterial que paira sobre o planeta Terra, aonde vão os espíritos de­­­pois que desencarnam.

A complexidade aumenta porque o médico André Luiz descreve detalhes do funcionamento da colônia na qual os espíritos vivem a eternidade, voltando ao "plano material" às vezes para evoluir ou para ajudar quem precisa.

O diretor Wagner de Assis, também autor do roteiro adaptado, procurou construir uma cidade imaginária, com prédios futuristas, casas coloridas e ônibus que flutuam. É uma espécie de paraíso administrado por um governador e vários ministros. Os líderes se sentem gratos por poder ajudar de qualquer forma, todo mundo sorri e fala de modo sereno, começando cada frase com "irmão" ou "irmã".

Há um clima mágico no ar, faz sol e um quarteto de cordas toca em um palco flutuante no meio de um lago. Todos vestem batas de cores claras e usam broches que identificam as funções desempenhadas por certos espíritos – como aqueles que trabalham no Ministério da Regeneração, atendendo os recém-chegados.

O problema é que a colônia to­­­da e também os personagens são artificiais demais. As roupas, os prédios e as falas não conseguem criar um conjunto que seja crível. Esse "crível" não se refere à crença religiosa, mas à história que o filme conta.

Um exemplo: o planeta Krypton no Super-Homem de 1978, dirigido por Richard Donner, era mais verdadeiro – no universo da ficção – do que o Nosso Lar. (Alguma coisa no governador de Othon Bastos lembra o Jor-El de Marlon Brando, daí a comparação.)

O filme não tem emoção – quando ela surge, é forçada e exagerada, como no reencontro de André Luiz com a mãe – e abusa do didatismo.

As explicações são dadas no tom de uma produção institucional e, mesmo assim, é possível que a história seja um pouco confusa para quem não conhece a doutrina espírita.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Wagner de Assis disse que quis adaptar a obra de Chico Xavier por causa da "força da história". Ele procurou evitar os aspectos doutrinários do livro e destacar os sentimentos universais – a esperança seria um deles.

Mas não se pode negar que Nosso Lar seja um filme espírita. Fiel à doutrina, não funciona como cinema. G

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